segunda-feira, 4 de abril de 2022

Nota pessoal de apoio à Historiadora Mayara Balestro

"Gostaria de expressar, aqui, a minha total, mais ampla e irrestrita solidariedade à Historiadora Mayara Balestro, que está sendo atacada por denunciar as conexões entre o grupo negacionista Brasil Paralelo e empresários que financiam o mesmo. A Mayara, em sua Dissertação de Mestrado, estudou durante quase três anos a atuação do grupo Brasil Paralelo e as conexões em torno do mesmo. Um estudo rigoroso, altamente qualificado, e que seguiu a Metodologia Científica, algo muito diferente do método de produção do Brasil Paralelo. Este grupo, bastante conhecido nas redes sociais através de suas produções, que tentam emplacar um revisionismo histórico, negando fatos e deturpando a realidade histórica, se projetou durante o governo Bolsonaro e vêm ganhando muito dinheiro com suas produções que falsificam a narrativa histórica, divulgam o negacionismo científico e estimulam o pensamento e sentimento proto-fascista.

Nas últimas semanas, ao expor as conexões deste grupo com diversos empresários, um deles (o Sr. Leandro Ruschel - que atua no mercado financeiro) começou a persegui-la e ataca-la nas redes sociais. Expondo prints do perfil dela no facebook, junto com o link de acesso, atacando-a moralmente em uma série de publicações no Twitter e em outras plataformas; o que o Sr. Leandro Ruschel vem fazendo é, claramente, um caso grave de assédio moral e precisa ser penalizado por isso! Sua ação, seu modus operandi, demonstra a forma de agir dessas pessoas, que não aceitam o mínimo questionamento e perseguem àqueles e àquelas que ousam expor os ossos que escondem dentro do armário.
Fica aqui a minha total solidariedade à Mayara que, como pesquisadora é alguém de uma capacidade técnica incrível, como amiga é uma pessoa maravilhosa e generosa e, como ser-humano, diferente de pessoas como o Sr. Fernando Ruschel, – que se move pelo ódio – é movida pela paixão pelas causas sociais e dos setores oprimidos.

Ass.
Luciano Egidio Palagano
Historiador
Conselheiro Nacional da CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

Para quem quiser conhecer a pesquisa, este é o link para acesso à Dissertação:

https://drive.google.com/file/d/1dIXCaAvlELgaP8O4uyhInXHgP0n6KfqB/view?usp=sharing

Este texto também pode ser acessado em sua publicação original no seguinte link:

https://www.facebook.com/professorlucianopalagano/photos/a.1658439154175448/5348041195215207/

terça-feira, 1 de junho de 2021

SOBRE VACINAS, HIPOCRISIA E TURISMO!

 

Há tempos que eu não escrevia aqui no Razão à Conta-Gotas, mas uma reportagem, publicada no site do Jornal O Presente, no dia 29/05/2021, me obrigou a fazê-lo. Avaliei ser necessário discorrer sobre a hipocrisia relacionada ao fato que a reportagem menciona! O nome da reportagem: Rondonenses estão viajando aos Estados Unidos para se vacinar contra a Covid-19 – em resumo: TURISMO DA VACINA!

Tal reportagem despertou meu sentimento de indignação!

“Mas, por que se indignar por isso?” – você me pergunta! “_ Afinal, eles não têm o direito de se vacinarem?”

“_Tem – eu respondo! “_Tem todo o direito! Assim como o restante da população!”

E é aí que entra a minha indignação: na parte do “restante da população”. Aquele restante que não tem condições econômicas de pagar uma passagem de ida e volta de avião, mais hospedagem, para tomar uma vacina “nos states”. Esse “resto” da população que, ao mesmo tem em que se encontra na dependência de uma política genocida, que apostou na disseminação do vírus, é obrigada à se expor ao risco de contaminação, nas escolas, no trabalho, no transporte.

Porque esta mesma pequena burguesia, que faz “turismo da vacina”, também faz lobby contra as medidas de isolamento social, porque ela não pode perder um centavo de seu lucro. Afinal, do contrário, como ela iria pagar a passagem para os “states” para tomar vacina e, ao mesmo tempo, aproveitar para dar um pulinho na Disney? É preciso que o “resto”, o “restolho”, o “restante” da população esteja exposto ao vírus para garantir a passagem deste outro setor! 

Campanha de Outdoor pela vacinação:
APP-Sindicato, Sinteoeste, Sindteste e Adunioeste.


Setor da população, do qual muitos que, agora, fazem "turismo da vacina", apoiaram – e continuam apoiando - a política de disseminação do vírus orquestrada pelo governo federal. Enquanto escrevo, me lembro de um fato ocorrido no início da pandemia, em abril de 2020: naquele período, o Núcleo Sindical de Toledo - APP-Sindicato, Sinteoeste e Adunioeste pagaram um carro de som para divulgar, em Marechal Cândido Rondon - PR, informações sobre a pandemia e o risco que ela apresentava para o Sistema de Saúde. O áudio do carro alertava para o risco de colapso do sistema, caso as pessoas não tomassem os devidos cuidados. Colapso este que, meses depois, vimos acontecer! E sabem o que aconteceu no episódio? O carro foi parado pela PM! Alguns empresários rondonenses (nunca identificados mas, se bobear, alguns deles agora fazem turismo da vacina) ligaram para a PM afirmando que o conteúdo do áudio do carro de som, que passava pelo centro da cidade, estava "gerando alarme/pânico" na população! Para quem duvidar do que afirmo, eu tenho o Boletim de Ocorrência feito no dia 01/04 (ironia esta data, não?) para apresentar!

Hoje é 01/06/2021, mais de um ano se passou, e aqui estamos: os trabalhadores, de maneira geral, dependendo de uma política de vacinação que segue aos trancos e barrancos; o país com mais de 450 mil mortes; uma CPI da Covid no Senado que tem demonstrado, cada vez mais, como o governo federal implementou uma tática de disseminação do vírus pelo território nacional; Marechal Cândido Rondon, na data em que escrevo esta reflexão, com mais de 90 mortos e nenhuma vaga de UTI (porque não existe UTI em Marechal Cândido Rondon); o sistema de saúde do estado do Paraná, novamente, em colapso. E a pequena burguesia, essa mesma burguesia que, por diversas vezes, fez carreata contra a vacina e apoiou essa política de expansão dos cemitérios, agora faz "turismo da vacina". E, enquanto isso, continua à fazer “lobby” contra o isolamento social e outras políticas que poderiam colaborar no controle da pandemia como, por exemplo, um robusto auxílio emergencial para trabalhadores e pequenos empresários – além da taxação emergencial de grandes fortunas para subsidiar tais políticas.

Boletim diário - Covid-19
31/05/2021

Agora, me digam: esses, que dizem defender a Pátria, e agem em completa indiferença com o povo, pensando no próprio umbigo e estimulando uma política de morte, enquanto de outro lado, vão para fora do país receber uma vacina que, aqui, eles ajudaram à impedir que chegasse à população, devem ser chamados como? Pergunto por que, em minha indignação, percebo que o meu vocabulário não abarca uma palavra que possa resumir tal situação! Fico, assim, na indignação silenciosa, sem nominar, mas com nojo de certas pessoas que, em público, expõem uma posição enquanto, no particular, o fazem de forma completamente diferente!

Concluindo esta breve reflexão, em tempo e não menos importante, tenho pleno conhecimento de que, neste debate todo, existem exceções junto ao empresariado. No entanto, é uma pena que estas pessoas sejam apenas e, realmente, isto: EXCEÇÕES! Pois se fosse o contrário, este texto não seria necessário!

 


Luciano Egidio Palagano
Historiador – Reg. 0000122/PR
Ex-candidato a prefeito pelo PSOL de Marechal Cândido Rondon – PR
Conselheiro Estadual da APP-Sindicato
Divulgador Científico