sábado, 26 de maio de 2012

SOMOS TODOS VILA ALTA! CARTA ABERTA SOBRE O DESPEJO OCORRIDO NA CIDADE DE GUAÍRA-PR


Conforme foi noticiado pelos meios de comunicação da região Oeste do Paraná, na manhã do dia 22 de maio de 2012 ocorreu despejo feito pela Polícia Militar de aproximadamente 50 famílias de trabalhadores que residiam no Bairro Vila Alta, em Guaíra. Segundo as informações noticiadas nos meios de comunicação, a desocupação teria sido pacifica e as famílias já seriam encaminhadas para um cadastro para receber casas populares ou para casas de parentes.
Porém, em vista da necessidade de conhecer mais sobre o caso e acompanhar de perto a real situação daquelas famílias, na manhã do dia 24 de maio de 2012 (quinta-feira), uma comitiva de representantes de organizações sociais e políticas da região Oeste/PR, além de um advogado, realizou uma visita a um alojamento, onde se encontra a maior parte dessas pessoas. Ao contrário do que foi noticiado pela imprensa, deparamo-nos com uma situação caótica.
Segundo relato dos moradores a desocupação não foi pacífica. Eles teriam sido pegos de surpresa, no início da manhã, pois não sabiam que estava ocorrendo o cumprimento de uma liminar de reintegração de posse, solicitada pela Prefeitura Municipal. Assim, as famílias foram arrancadas de suas casas sob o terrorismo psicológico imposto pelos policiais e ainda sob ameaça de prisão.
Cerca de 300 homens da PM cercaram o bairro, retirando as pessoas de suas casas à força, separando os homens das mulheres e prendendo-os numa área próxima. Durante horas essas pessoas foram expostas a uma situação degradante, vexatória de humilhação. Moradores de bairros próximos foram impedidos de se aproximar do local.
Os moradores que haviam saído para o trabalho antes do despejo, ao retornar, depararam-se com os escombros de seus lares, bem como seus móveis destruídos. Foi no curto período de tempo da desocupação até a chegada de caminhões da prefeitura em que os moradores puderam retirar um pouco de seus pertences. Muitos móveis, roupas e eletrodomésticos foram perdidos.
Várias famílias haviam feito empréstimo consignado para construção de suas cassas, agora, mesmo sem casa, deverão continuar pagando.
Alguns moradores com o pouco que conseguiram salvar de suas casas
As famílias se encontram alojadas em condições sub-humanas no Centro Náutico
Hoje, a situação dessas famílias é de calamidade. Alguns conseguiram encontrar apoio de parentes. Outros, segundo relato dos moradores, estão nas ruas. A maioria deles está amontoada no Centro Náutico Marinas, mediante recomendação da Prefeitura, em condições sub-humanas.      As crianças estão sem acesso à escola e o transporte não passa na região. Após o poder público criar tal situação de risco para as crianças, agora os representantes do conselho tutelar ameaçam retirar as crianças da guarda de seus pais. 

Os moradores estão sem acesso aos seus pertences que haviam conseguido salvar inclusive idosos estão sem acesso aos seus medicamentos. Eles estão passando frio e se encontram em condições precárias de higiene. O local é cheio de goteiras, o que mantém as pessoas úmidas o tempo todo. Vários trabalhadores perderam seus empregos.
Segundo os relatos dos moradores, já havia quase dois anos que eles estavam na área. São famílias pobres que não tem condições de pagar aluguel. Antes da vinda dos moradores, no local, havia um depósito de entulhos. Posteriormente, houve uma pequena criação de gado. Hoje se encontram no local somente os destroços dos móveis e das casas.
No local da desapropriação encontram-se materiais de construção. Dividas que as famílias haviam feito no intuito de conseguir um pouco mais de conforto, dividas que ficaram a ser pagas, mas cujas as casas não existem mais.
Escombros das residências dos moradores.
Móveis e eletrodomésticos foram destruídos juntamente com as casas.
Apesar dessa situação, há pouca repercussão no município de Guaíra cujo à população pouco sabe sobre o futuro dessas famílias. Além disso, as famílias não podem recuperar o que foi perdido e não há garantia de que terão casa popular, apesar das promessas. O que, ainda, se for o caso, pode demorar meses.
Diante dessa situação, as organizações abaixo-assinadas resolvem encaminhar a presente carta aberta à comunidade para divulgar a real situação dos moradores. Fazemos isso, também, como uma forma de cobrar mais publicidade sobre o caso e pressionar o poder público local para que se responsabilize e apresente uma solução imediata para um problema que ele mesmo criou.
Nos solidarizamos com estes trabalhadores e chamamos a população a se somar na construção de uma rede de apoio, visando que seja respeitado o direito dessas famílias, assim como de inúmeros outros trabalhadores de nossa sociedade, a terem acesso a uma moradia digna.

Marechal Cândido Rondon, 24/05/2012


  1. ADUNIOESTE (Sindicato dos Docentes da Unioeste)/Seção Sindical do ANDES-SN
  2. APLER - Associação dos Portadores de Lesões por Esforços Repetitivos
  3. APP de Luta e Pela Base – Oposição Alternativa  (Núcleo Sindical de Toledo)
  4. Associação Atlética Acadêmica de Engenharias da Unioeste de Toledo - AAAEUT
  5. Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) - Seção Marechal Cândido Rondon
  6. Associação dos Pós Graduandos da UNIOESTE (APG)
  7. Centro Acadêmico Chico Mendes | Geografia - UNIOESTE/ M. C. Rondon
  8. Centro Acadêmico de Ciências Sociais - CACS | Unioeste Toledo
  9. Centro Acadêmico de Engenharia de Pesca – CAEP  | Unioeste Toledo
  10. Centro Acadêmico de Química - CAQ | Unioeste Toledo
  11. Centro Acadêmico de Secretariado Executivo - CASEC | Unioeste Toledo
  12. Centro Acadêmico de Serviço Social - CASS | Unioeste Toledo
  13. Centro Acadêmico XVIII de Novembro | Direito - UNIOESTE/ M. C. Rondon
  14. Centro Acadêmico Zumbi dos Palmares | História - UNIOESTE/ M. C. Rondon
  15. CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular)/Oeste do Paraná
  16. Diretório Central dos Estudantes (DCE) UNIOESTE/Campus de M. C. Rondon
  17. Diretório Central dos Estudantes (DCE) UNIOESTE/Campus de Toledo
  18. GEOLUTAS – Laboratório de Geografia das Lutas  no Campo e na Cidade
  19. Grêmio Estudantil do Colégio Ceretta/Mal C. Rondon
  20. Grupo de Estudos Marxianos Latino-Americanos
  21. INTERSINDICAL
  22. Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) – Toledo
  23. Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) - Marechal Cândido Rondon
  24. Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - PSTU/Regional Oeste
  25. Pastoral Operária – Marechal Cândido Rondon


Abaixo vocês podem assistir dois vídeos com depoimentos de moradores da Ocupação de Vila Alta:






quarta-feira, 23 de maio de 2012

Centro Acadêmico de História Realiza IX Semana Acadêmica


Olá caros leitores! É isso mesmo, estou de volta! Depois de diversos meses sem ser atualizado o Blog Razão à Conta-Gotas esta de volta.
A partir de agora irei tentar atualizar o blog ao menos uma vez por semana, apesar da correria do dia a dia! Aos poucos também irei atualizando as diversas páginas do Blog, inclusive a página relacionada a Astronomia. Para começar apresento aqui um breve relato de um evento que esta ocorrendo na UNIOESTE de Marechal Cândido Rondon:
Começou ontem a IX Semana Acadêmica de História que tem como tema:
História e Movimentos Sociais no Brasil Contemporâneo

O evento vai até o dia 25 de maio e tem a seguinte programação:
22/05 - TERÇA-FEIRA:
14h-19:15h: Credenciamento.
19h-22h: Conferência de abertura: "Os estudantes e os movimentos sociais no ocaso da ditadura - uma discussão (sempre) atual"  
Prof. Dr. Frederico Falcão – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) 
23/05 – QUARTA-FEIRA:
7h40 – 11h40: Comunicações de Trabalho Científico
19h30 - 22h30: Oficinas

24/05 – QUINTA-FEIRA:
7h40 – 11h40: Comunicações de Trabalho Científico
19h30 - 22h30: Oficinas

25/05 – SEXTA-FEIRA:
7h40 – 11h40: Comunicações de Trabalho Científico
19h30 - 22h30: Mesa-redonda de encerramento: “Trinta anos de Movimento Estudantil: lutas e experiências”
Prof. Dr. Luis Fernando Reis – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Profa. Doutoranda Carla Nacke Conradi – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Profa. Mestranda Isabel Grassioli – Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) 
22h45: Festa da IX Semana Acadêmica de História

Estive presente na palestra de abertura e, devo admitir, ela superou minhas espectativas, o Professor Doutor Frederico Falcão da Universidade Federal do Rio de Janeiro fez um relato das lutas do Movimento Estudantil na época da ditadura. Após o relato, nos debates foram feitas reflexões sobre o atual estágio do movimento estudantil e sindical, e sobre o aparelhamento das estruturas criadas pela classe trabalhadora ao longo das últimas décadas.
É uma pena que certas lideranças sindicais e do Movimento Estudantil não estiveram presentes, ou sairam durante a palestra!
Eis algumas das reflexões debatidas na palestra de abertura:
Os movimentos sociais devem perceber que é primeiro necessário criar a materialidade dos direitos, para depois formaliza-los em lei. Um direito formalizado em lei sem materialidade, apesar de formalizado não existe na prática.
A tão propalada Constituição Cidadã na verdade é atrasada no aspecto dos direitos coletivos e individuais, ela formaliza o individualismo capitalista ao dar extrema importância aos direitos individuais e pouca aos direitos coletivos. Chegando a ser mais atrasada do que alguns códigos da ditadura neste aspecto, a exemplo do Estatuto da Terra.
Isso fica claro ao se lembrar que um partido que na época se colocava como dos trabalhadores (PT como você mudou PT) votou contra esta constituição exatamente por isso, ela foi aprovada por uma maioria conservadora chamada “centrão”.
Sobre a luta armada, ela pode sim ser útil e necessária. Mas, não é função de uma vanguarda iluminada. Deve ter apelo social. Não adianta meia duzia querer fazer luta armada se a classe trabalhadora não vê esta necessidade.
Enfim com estas e outras reflexões debatidas na palestra de abertura, essa Semana Acadêmica promete! A mesma continua acontecendo de acordo com a programação já apresentada, por isso convidamos você a participar.
Venha debater e refletir conosco! Lembrando sempre que a Acadêmia não deve estar separada da sociedade que a sustenta. Não devemos nos trancar em uma “torre de marfim” acreditando que temos a solução para o mundo e, ao mesmo tempo não participarmos deste mundo que estudamos.
Eis algumas fotos do evento do primeiro dia da Semana Acadêmica:



 Tribunal do Júri lotado na Conferência de Abertura com o Prof. Frederico Falcão da UFRJ
  Tribunal do Júri lotado na Conferência de Abertura com o Prof. Frederico Falcão da UFRJ
 Prof. Frederico Falcão da UFRJ
 Fotografia de presos políticos da época da ditadura
 Prof. Frederico Falcão da UFRJ
 Alguns temas discutidos na Conferência
 Prof. Frederico Falcão da UFRJ
Jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura e com suicídio forjado
 Ernesto Geisel anunciando o fechamento do Congresso em 1977
Mais alguns temas debatidos na Conferência
A Pergunta principal do momento levando-se em conta a atual conjuntura de fragmentação dos Movimentos Sociais
Acadêmica de História Mayara Schatz marcando presença na colaboração do evento
 Acadêmico de Direito Luyki Rafael Drehmer também marcando presença na filmagem da conferência
 Professora Selma abrindo o debate
 Professora Aparecida marcando presença. Sempre com intervenções relevantes.
 Professor Jaime da rede estadual marcando presença e apimentando o debate com provocações pertinentes.
 Acadêmica de Direito Aline Ketlyn marcando presença no debate. Apesar de a semana acadêmica ser de História, o Direito também esta se fazendo presente.
 Acadêmica de História Fabíola marcando presença no debate com colocações pertinentes em relação a organização do Movimento Estudantil.
 Convidado inesperado no evento.
 Alguns integrantes do Movimento Estudantil da UNIOESTE juntamente com o Prof. Frederico Falcão da UFRJ e nosso convidado inesperado.
Algumas das meninas do Movimento Estudantil da UNIOESTE juntamente com o Prof. Frederico Falcão da UFRJ e nosso convidado inesperado.

Amanhã estarei colocando mais algumas fotos e fazendo um novo relato da continuidade das atividades da IX Semana Acadêmica de História.