quinta-feira, 30 de junho de 2011

Marechal Cândido Rondon ou Marechal Rondon? Não importa! A questão é: quais são as PRIORIDADES?

Foto 01: Portal de Marechal Cândido Rondon
Foto 02: Marechal Rondon


Tirei os últimos dias para observar nossa cidade, o trânsito, as ruas, as calçadas e não gostei do que consegui ver, andamos por ruas que quando não estão cheias de buracos, estão no máximo cheias de remendos, as calçadas (que calçadas?), certo que elas são de responsabilidade de cada morador, mas o município pode muito bem fazer as mesmas e depois encaminhar a cobrança, mas como isso é antipopular simplesmente deixam-se as coisas do jeito que estão. Acontece que dá maneira como elas estão é comum vermos cadeirantes e mães com carrinhos de bebe se obrigando a utilizar as ciclovias (onde elas existem), para poder transitar em nossa cidade, desta forma os ciclistas por sua vez se obrigam, muitas vezes, a transitarem na pista dos veículos. Enfim, de uma simples ausência de calçadas nasce o risco para os cadeirantes, os bebes, as mães dos bebes e os ciclistas, algo que se as calçadas estivessem feitas e organizadas não aconteceria.
Outro ponto é a iluminação pública, há pelo menos um mês que na região da Avenida Maripá que fica entre os bairros Higienópolis e Botafogo não existe iluminação pública, transitar por ali a noite é transitar na escuridão total, quando algo assim acontece é normal se esperar por um ou dois dias para que providências sejam tomadas. Mas um mês?!? Isso já é descaso, tanto com os moradores, quanto com os transeuntes e também com os empresários que possuem seus estabelecimentos naquela região da cidade!
A saúde em nosso município, bem sem comentários não é mesmo? Nem atendimento pelo SUS temos mais, se o SUS já não era lá aquelas coisas, imaginem a completa ausência de uma cobertura de saúde. Se você não tem plano de saúde particular esta “ferrado”, tem de ser encaminhado para fora e ainda por cima, as coisas são feitas de uma forma a parecer que estão lhe fazendo um favor, e não cumprindo com obrigações próprias da administração pública.
Serviços públicos como a coleta de lixo e outros estão completamente terceirizados, e ainda fazem propaganda dizendo que o IPTU serve para isso, sendo que existe taxa específica, que deve ser gasta em sua totalidade apenas com o serviço ao qual a taxa faz referência. Daí me pergunto: As taxas aumentaram, terão aumentado também os salários dos garis e funcionários do setor? Ou apenas o lucro das empresas terceirizadas?
Os moradores, bem, estes já tiveram várias vezes de fazer obras por sua própria conta e risco, obras que deveriam ter sido feitas pelo poder público. Temos loteamentos na cidade, em que na metade da rua existe asfalto e não outra metade não, enfim Marechal Cândido Rondon se tornou a cidade onde tudo é possível de acontecer.
E mesmo com todos estes problemas temos uma imprensa local que insiste em construir uma realidade que não existe, quase que como uma realidade virtual parecida com aquelas existentes em jogos online, agora é só o cidadão sair para a rua, ou precisar de um exame ou consulta que ele bate de frente com a realidade material.
E mesmo assim, temos vereadores que no lugar de fazerem o seu papel com relação a estas questões, se preocupam com a maneira em como o nome do município é escrito e falado na imprensa e na boca do povo! Caro vereador, eu mesmo já lhe fiz uma deferência a alguns meses em um site da cidade, mas agora você pisou na bola! O problema não é mudar o nome do município, o problema é não tratar das prioridades! O que é mais urgente? Mudar o nome do município, ou trazer novamente o atendimento do SUS? Mudar o nome do município, ou organizar o calçamento da cidade? Mudar o nome do município, ou possibilitar uma iluminação decente para os cidadãos do mesmo (lembrando que iluminação decente deve levar em conta inclusive a poluição luminosa, ainda irei falar sobre isso)? Então caro vereador, depois que tudo isto estiver resolvido, depois que a Marechal Cândido Rondon virtual, se tornar a Marechal Cândido Rondon real, aí sim eu aceitarei como cidadão rondonense discutir tal projeto. Por que por ora, as prioridades são outras!
Agora, fica outra questão “martelando” na minha cabeça: será que isso tudo é exclusivo desta administração? Será que é esta, e só esta administração que fez com que Marechal Cândido Rondon ficasse como esta? Eu digo que não! Com um sonoro NÃO!
O problema não é da administração, mas sim do grupo (ou grupos) que se revezam no poder em nossa cidade à décadas! Basta ver o histórico das candidaturas, as pessoas ora estão aliadas a um, ora a outros. Essa é uma questão de interesses, dois interesses conflitantes: o interesse de um grupo que reveza pessoas no poder em nossa cidade, e o interesse da própria cidade que muitas vezes não é o mesmo deste grupo. Exemplo disso? É só comparar a maneira como são tratadas as pessoas que divergem, que pensam diferente, que questionam o poder em nossa cidade, com aquelas que se adequam a ele, que reproduzem o pensamento comum, justamente para poder se aproveitar do fato da população não ter conhecimento, ou não se interessar pelo que acontece nos bastidores do mundo político.
Vejam duas recentes reportagens em um dos principais organismos de imprensa da cidade, as duas fazem menção ao mesmo assunto: O Pleito eleitoral de 2012. Acontece que a primeira, feita com um dos representantes dos divergentes, teve um espaço minimo (quase que um anúncio de propaganda), no caderno “OPINIÃO”. Já a outra teve um espaço máximo (duas páginas do jornal) no caderno “POLÍTICA”. Ou seja, os divergentes não fazem política, eles no máximo opinam sobre ela, e fazem política aqueles que reproduzem o que aí esta. Pelo menos é isto que parece querer ser demonstrado, ao se fazer uma analise deste fato. Essa não é uma característica exclusiva de nossa cidade, mas sim de nosso país, e só vai mudar quando aqueles que mais deveriam se interessar pela política, e pela maneira como a “coisa pública” é administrada, passarem a demonstrar este interesse. Enquanto o senso comum que diz que “todo político é corrupto”, “todo político é ladrão”, “política e religião não se discutem” dominar, também dominarão aqueles que se beneficiam do fato dos cidadãos pensarem assim. E enquanto a população pensar assim, o único espaço que aqueles que pensam e defendem uma outra sociedade terão, será no máximo o espaço “Opinião”, e nunca o espaço “Política”!
Enfim, esta nas nossas mãos caros leitores, mudar a sociedade caso não estejamos contentes com esta que esta aí presente! É isso que estou tentando fazer! E você?

Fonte das fotografias:
  Adendo: Apenas fazendo um adendo ao texto, hoje dia 02 de Julho de 2011, voltando de Toledo passei novamente no trecho que menciono no presente texto dizendo que há um mês falta iluminação pública, e verifiquei que as lâmpadas estavam novamente funcionando. Coincidência ou não, o trecho foi corrigido alguns dias depois da publicação do texto. Não posso deixar os parabéns por que a demora na correção do fato não tem volta, mas ao menos algo foi feito depois de escrito o texto mencionando a situação. Por isso caros leitores, estou colocando este adendo no texto, informando a situação atual sobre o fato.

Abraços!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

PMDB arranja uma maneira de ganhar mais cargos!

Como uma forma de conseguir mais cargos no governo o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que de Democrático só tem o nome, esta fazendo um jogo que é no minimo sujo, até mesmo para os padrões da políticagem brasileira (que já não é lá muito ético)!
Estão se utilizando da esperança de milhares de PMs e Bombeiros que aguardam pela aprovação da PEC 300, projeto de lei que se aprovado irá estabelecer um piso salarial nacional para a categoria.
A PEC 300 já foi aprovada (por unânimidade) em primeiro turno na Câmara dos Deputados e agora vai para a votação de segundo turno, acontece que agora no segundo turno os mesmos deputados do PMDB que votaram a favor da PEC estão se utilizando deste fato para conseguirem cargos.
O governo não quer a aprovação da PEC, e o PMDB esta ameaçando votar a favor caso não receba mais cargos no governo, e caso receba irão votar contra a PEC 300. Ou seja, o verdadeiro interesse do partido não é aprovar ou reprovar a PEC 300, para eles tanto faz como tanto fez se os PMs e os Bombeiros irão conseguir o piso pelo qual lutam. O que importa para este partido que esta mostrando sua verdadeira cara, são os cargos que podem receber no governo se utilizando da luta desta categoria como poder de barganha frente ao governo federal. Esse é o tipo de partido que temos no Brasil, mas que não queremos! Pelo menos que a população preocupada com a ética na política e o fim da políticagem deve repudiar!
Este é o verdadeiro PMDB! Parece que alguém lá embaixo esta com concorrência pela compra de almas! Não tá fácil, hein gente!

 
Fonte: http://pec300uniaopolicial.blogspot.com/
O mais incrível depois é que dentro de um ano (2012) teremos pessoas desta categoria defendendo este grupo que agora os usa como fonte de barganha! Querem apostar?

Algum comentário???
Eu não!

Quando a Ciência responde ao "Jornalismo"!

Com essa ele não contava! Professor titular da UEXE; Ph.D. em Ciências Atmosféricas pela colorado State University, com estágio de pós-doutorado na Yale University; Bolsista de Produtividade do CNPq, nível 2; integrante do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), Prof. Dr. Alexandre Costa Araújo escreveu um texto como resposta ao artigo do colunista da Veja Reinaldo Azevedo o título do artigo do colunista foi: "Profetas de meia-tigela!" e você pode acessar o mesmo clicando aqui a resposta ao artigo intitulada "Jornalismo de Tigela inteira?", fazendo referencia ao título do artigo segue abaixo:
Jornalismo de Tigela Inteira?

É lamentável que possa haver qualquer publicidade adicional para textos como os escritos pelo Sr. Reinaldo Azevedo, mas infelizmente, desta vez, ele tocou em algo que me é bastante caro: a ciência a que me dedico há 19 anos, dentre os quais se incluem um título de mestre e um de Ph.D., um estágio de pós-doutorado e algumas dezenas de publicações que incluem artigos em periódicos e em anais de eventos científicos, capítulos de livro, etc. Daí, tenho que divulgar o “link”, para que os que vierem a ler estas linhas possam saber do que falo: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/profetas-de-meia-tigela/

Neste caso, se há uma coisa me deixa menos preocupado quanto à publicidade, é saber que tais leitores meus serão poucos.

É evidente que o tipo de opinião manifestada no texto que menciono presta um grande desserviço no que diz respeito a esclarecimento junto ao público leigo da questão climática, não essa questão crucial com um mínimo de seriedade e carece, evidentemente, dos padrões mínimos de honestidade intelectual. Uma digressão que devo fazer aqui é que, como cientista, tenho de estar sempre aberto a testar diferentes hipóteses e é preciso, portanto, manter-se ciente da possibilidade de que o Sr. Reinaldo Azevedo realmente acredita no que escreve ou de que simplesmente ele não se leva muito a sério e, no fundo, quer mesmo fazer pilhéria com o seu incauto leitor que acredita em tudo que ele escreve. De qualquer maneira, tenham sido eles motivados por má fé, por uma honesta ignorância ou por falta de seriedade, os erros presentes em seu texto precisam de correção.

O primeiro problema evidentemente se dá a usar o termo “Igreja”, como se a questão do aquecimento global e da mudança climática antropogênica fosse de “crença”. É obviamente uma falsificação de em que bases opera a ciência, em cujo cerne estão evidências que nos permitem formular hipóteses,construir teorias e prever o comportamento e a evolução de sistemas físicos, químicos, biológicos, etc. 

Não me parece haver margem para se decidir entre “crer” ou “não crer” na Gravitação Universal ou na Evolução das Espécies. Até onde sei, objetos caem e espécies se adaptam ou se extinguem a não ser que você esteja em algum rincão do Kansas. Como estas teorias (que, diferente do seu uso coloquial, em ciência significa bem mais do que uma simples hipótese), o conhecimento humano sobre o Efeito Estufa não é nenhuma novidade. 


Sabe-se que graças à presença de gases minoritários em nossa atmosfera (principalmente vapor d´água e gás carbônico, mas também metano, óxido nitroso etc.), a temperatura da superfície do planeta não é de gélidos -18oC; sabe-se que devido à predominância de gás carbônico na atmosfera de Vênus, este é o planeta mais quente de nosso sistema, mesmo sendo o segundo em distância ao sol (em função da alta refletividade das nuvens que o recobrem, ele termina recebendo em sua superfície apenas 1/12 da radiação que chega em Mercúrio, o que é menos do que a radiação solar que atinge a superfície da Terra). 

Se há alguma crença desconectada do bom senso e digna da mais estranha fé fundamentalista é a de que aumentar a concentração de gases de efeito estufa não traga como conseqüência inevitável o aquecimento do planeta. É simples: a mesma quantidade de energia continua a chegar de fora, na forma de radiação solar, ao mesmo tempo em que menos radiação infravermelho deixa o planeta rumo ao espaço por ser retida por esses gases em nossa atmosfera. Como me parece bem mais razoável achar que nenhuma força sobrenatural faça esse saldo de energia desaparecer, ou mude num passe de mágica as propriedades físicas das moléculas de CO2, acho, sim, que é preciso tomar cuidado com o que se anda expelindo por aí das termelétricas, dos motores a combustão, das queimadas... 

Se havia alguma dúvida sobre se as atividades humanas estariam contribuindo ou não para aquecer o planeta era baseada no fato de que também lançamos aerossóis (pequenas partículas que ficam em suspensão na atmosfera) quando se queimam combustíveis fósseis e florestas e em processos industriais. Alguns cientistas achavam que estes, ao bloquearem a radiação solar a alterar propriedades das nuvens, poderiam se contrapor ao aquecimento causado pelo aumento da concentração de CO2 e outros gases. Hoje, sabe-se que os efeitos dos aerossóis cancelam apenas parte do efeito estufa associado a estes últimos.

Se “apenas uma teoria” (a gravidade também é “apenas uma teoria”) não bastar para gerar essas preocupações, lembro que todas as evidências observacionais (medidas de termômetros à superfície desde o século XIX e medidas de radiossondagens e estimativas de satélite mais recentemente) mostram que já existe um aumento da temperatura média do planeta (coerente com alterações no oceano e na criosfera, isto é, no gelo, em escala global). Além disso, há registros incontestáveis do passado de quando, por causas naturais e com variações bem mais lentas, a atmosfera terrestre abrigou concentrações maiores de CO2, com mudanças dramáticas nos padrões de temperatura, precipitação e nível do mar. 

Devo só lembrar que, nos últimos 800 mil anos, a diferença na concentração de CO2 entre uma era glacial e os períodos quentes que se intercalaram entre elas tipicamente mal chega a 100 ppm (partes por milhão). Quando se acumulou desde o início da era industrial? 110 ppm, em rapidíssimos século e meio). Fato: o conjunto de evidências ultrapassou a fronteira do “creio que” ou “acredito que”. Eu não aconselharia os “negadores da gravidade” a saltarem de cima de arranha-céus, ainda que isso só afetasse suas próprias vidas (ou melhor, poria fim a elas). A mesma condescendência, porém, não posso ter com os negadores da mudança climática, por motivos óbvios: eles querem que todos saltemos num abismo climático desconhecido.  

Outro erro crasso do texto é confundir tempo com clima, condições locais com fenômenos em escala global.  Quando se fala em aquecimento global como conseqüência da elevação da concentração dos gases de efeito estufa, obviamente não se fala em aquecimento contínuo, distribuído por igual em todo o planeta, etc. A abordagem sobre o frio em São Paulo, portanto, é evidentemente equivocada, mas o texto espertamente minimiza o argumento contrário ao se fingir que ele é aceito. É pena que sequer esse argumento é original. A pior escória da imprensa americana também usou quando de nevascas recorde (“estranhamente” se calaram ante os tornados, a seca texana e as ondas de calor recentes). 

O problema é que um evento de tempo é algo eminentemente passageiro e quando se fala em clima, fala-se de tendências de longo prazo, com variações e flutuações. Gosto de usar um exemplo mais elementar que é o lançamento de um dado. Ao se lançar um dado comum, não se sabe, a priori, que número aparecerá, entre 1 e 6. Isso é o tempo. Mas experimente lançá-lo 100, 1000 vezes. Aposto que a média dá próximo a 3,5. Isso é o clima. É por isso que, mesmo que a previsão de tempo fosse muito ruim (o que definitivamente não é verdade pelo menos para um horizonte de poucos dias), pode-se, sim, fazer projeções sobre o comportamento do sistema climático a longo prazo.

Para manter a analogia com o jogo de dados, o que a mudança na concentração de gases de efeito estufa faz é “viciar o dado do clima”. Pode-se “viciar” um dado, colocando um pequeno peso colado a uma das faces, que tenderá a ficar para baixo mais vezes do que num dado normal. Se isso for feito com a face com o número 1, o número 6 se tornará mais provável e, com isso, a média irá, digamos para 3,7 ou 3,9 ou 4,2, a depender do peso que foi colado...

Para um pesinho que não seja muito grande, não significa que números 1 deixem de ocorrer. Apenas se tornam mais raros, como dias muito frios já se tornaram raros nas últimas décadas em diversas partes do mundo. Os próprios exemplos citados pelo Sr. Reinaldo Azevedo servem de contra-argumento ao que ele expõe, bastando examiná-los com mais cuidado, desde o registro de Campos do Jordão (cuja mínima anterior aconteceu em 1998, justamente um dos três anos mais quentes desde 1880, empatado tecnicamente com 2005 e 2010), até o de São Paulo, que precisa ser comparado com uma série bem mais longa do que de 2003 para cá.

Daí, quer fazer um trabalho sério, Sr. Reinaldo Azevedo? Levante a estatística do número de dias com mínima abaixo de 7oC em São Paulo ao longo das décadas de dados disponíveis ou o do número de dias com temperatura abaixo de zero em Campos do Jordão. Calcule a evolução da temperatura média nesses mesmos lugares e repita a estatística anterior dessa vez para dias quentes. Faça o mesmo para outras estações de superfície da América do Sul. Claro, isso já foi feito e refeito diversas vezes, com vários bancos de dados, para várias regiões do planeta e para o globo todo. 

Esses estudos, com outros que se debruçaram em outras fontes de dados, em registros paleoclimáticos, no desenvolvimento e uso de modelos climáticos, etc., é que compõem a enorme quantidade de evidência de que o planeta está aquecendo e que, sim, nossas emissões de gases de efeito estufa são os responsáveis por isso. Isso se chama ciência, que é um livro aberto, baseado em resultados que podem ser analisados, contestados e reproduzidos; que, por isso mesmo, está em constante atualização e correção. Dos edifícios mentais humanos é o mais rico, mais sólido, mais elegante e, como mostrarei, mais útil.

Há um grande desserviço prestado, portanto, pelo texto pueril, superficial e grosseiro do Sr. Reinaldo Azevedo, que é o de desacreditar a ciência, começando pela ciência do clima, mas, ao rebaixar as previsões feita com embasamento científico para o nível de “profecias”, atacando, na verdade, a ciência em geral. Ingratidão pura, pois a ciência, aliás, é que deu origem à tecnologia simples que permite que ele disponha de um aquecedor para os dias frios deste inverno paulista e de um ar condicionado para os dias de calor dos quais, estranhamente, ele parece não lembrar, mas que voltarão, para “desrefrescar-lhe” a memória. 

A ciência também permitiu por aviões para voar (o que permitiria que ele escapasse do frio para vir se aquecer em latitudes mais próximas à linha do equador, como o local de onde escrevo) e está por trás dos “chips” de silício onde ficam hoje registradas as besteiras escritas pelo Sr. Reinaldo Azevedo e por todos nós e que também permitem a difusão das mesmas. A ciência provavelmente impediu que o “articulista” não tenha morrido de uma infecção ridícula para os padrões de hoje ao ter, um dia, levado à descoberta, síntese e, claro, uso de antibióticos.

Claro que também não gostei, pessoalmente, de ser comparado a um “profeta”, logo eu, ateu,racional e cético. No entanto , ainda que, de fato, aquilo que faço fosse “profecia” (de qualquer que fosse a fração de tigela), me restaria o consolo de saber que há coisa pior: que há alguns que vivem de algo que chegam a chamar de jornalismo, ou “articulismo”, mas que mesmo, não atingindo o mais reles padrão de “panfletarismo”, parecem ser capazes de agradar a algum desejo primitivo subjacente (e que garantem público ao “jogarem para a galera”) e/ou, mais ainda, agradarem a algum interesse da selvageria contemporânea explícita (aquela que garante financiamento). Esses acham ter, como o Sr. Reinaldo Azevedo, uma tigela inteira, mas parecem ter pouca preocupação para com o conteúdo que usam para preenchê-la.


Só uma pergunta: Qual será o conteúdo que tais "Jornalistas" usam para preencher a "tigela"? Alguém arrisca um palpite? Abraços! Sei que o texto é um pouco grande, mas creio que tenha valido a pena a leitura!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crise terminal do capitalismo?


Ecologia
Leonardo Boff 
Leonardo Boff
Tenho sustentado que a crise atual do capitalismo é mais que conjuntural e estrutural. É terminal.
Chegou ao fim o gênio do capitalismo de sempre adaptar-se a qualquer circunstância. Estou consciente de que são poucos que representam esta tese. No entanto, duas razões me levam a esta interpretação.

A primeira é a seguinte: a crise é terminal porque todos nós, mas particularmente, o capitalismo, encostamos nos limites da Terra. Ocupamos, depredando, todo o planeta, desfazendo seu sutil equilíbrio e exaurindo excessivamente seus bens e serviços a ponto de ele não conseguir, sozinho, repor o que lhes foi sequestrado. Já nos meados do século XIX, Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo.
A natureza, efetivamente, se encontra sob grave estresse, como nunca esteve antes, pelo menos no último século, abstraindo das 15 grandes dizimações que conheceu em sua história de mais de quatro bilhões de anos. Os eventos extremos verificáveis em todas as regiões e as mudanças climáticas tendendo a um crescente aquecimento global falam em favor da tese de Marx. Como o capitalismo vai se reproduzir sem a natureza? Deu com a cara num limite intransponível.
O trabalho está sendo por ele precarizado ou prescindido. Há grande desenvolvimento sem trabalho. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor, com quase nenhum trabalho. A consequência direta é o desemprego estrutural.
Milhões nunca mais vão ingressar no mundo do trabalho, sequer no exército de reserva. O trabalho, da dependência do capital, passou à prescindência. Na Espanha o desemprego atinge 20% no geral e 40% e entre os jovens. Em Portugal, 12% no pais, e 30% entre os jovens. Isso significa grave crise social, assolando neste momento a Grécia. Sacrifica-se toda uma sociedade em nome de uma economia, feita não para atender as demandas humanas mas para pagar a dívida com bancos e com o sistema financeiro. Marx tem razão: o trabalho explorado já não é mais fonte de riqueza. É a máquina.
A segunda razão está ligada à crise humanitária que o capitalismo está gerando. Antes se restringia aos países periféricos. Hoje é global e atingiu os países centrais. Não se pode resolver a questão econômica desmontando a sociedade. As vítimas, entrelaças por novas avenidas de comunicação, resistem, se rebelam e ameaçam a ordem vigente. Mais e mais pessoas, especialmente jovens, não estão aceitando a lógica perversa da economia política capitalista: a ditadura das finanças que via mercado submete os Estados aos seus interesses e o rentitentismo dos capitais especulativos que circulam de bolsas em bolsas, auferindo ganhos sem produzir absolutamente nada a não ser mais dinheiro para seus rentistas.
Mas foi o próprio sistema do capital que criou o veneno que o pode matar: ao exigir dos trabalhadores uma formação técnica cada vez mais aprimorada para estar à altura do crescimento acelerado e de maior competitividade, involuntariamente criou pessoas que pensam. Estas, lentamente, vão descobrindo a perversidade do sistema que esfola as pessoas em nome da acumulação meramente material, que se mostra sem coração ao exigir mais e mais eficiência a ponto de levar os trabalhadores ao estresse profundo, ao desespero e, não raro, ao suicídio, como ocorre em vários países e também no Brasil.
As ruas de vários países europeus e árabes, os "indignados" que enchem as praças de Espanha e da Grécia são manifestação de revolta contra o sistema político vigente a reboque do mercado e da lógica do capital. Os jovens espanhois gritam: "não é crise, é ladroagem". Os ladrões estão refestelados em Wall Street, no FMI e no Banco Central Europeu, quer dizer, são os sumo-sacerdotes do capital globalizado e explorador.
Ao agravar-se a crise, crescerão as multidões, pelo mundo afora, que não aguentam mais as consequências da super-exploracão de suas vidas e da vida da Terra e se rebelam contra este sistema econômico que faz o que bem entende e que agora agoniza, não por envelhecimento, mas por força do veneno e das contradições que criou, castigando a Mãe Terra e penalizando a vida de seus filhos e filhas.
Leonardo Boff é teólogo e escritor, autor do livro "Proteger a Terra – cuidar da vida: como evitar o fim do mundo" (Record 2010).
Publicado originalmente no site da Fundação Lauro Campos - Socialismo e Liberdade
24/06/11 12:02 PM

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma reflexão sobre o nosso tempo, sobre nossa era...

Olá pessoal! Sei que andei sumido por uns dias. É que estou em período de provas na Universidade, TCC com prazo terminando, fim de semestre nos colégios! Enfim, uma série de coisas que me impediram de escrever e atualizar o Blog nos últimos dias. Hoje estou colocando um texto que não é meu, nem conheço a autoria (aliás se alguém conhecer peço que me informe para que eu possa dar a pessoas os devidos créditos), e isso um pouco justamente devido a esta falta de tempo, como também pelo fato de que o texto apresenta uma reflexão muito interessante sobre nosso tempo. Muitos devem conhecer o conteúdo do mesmo, pois ele roda por aí em redes de e-mail, mas mesmo assim resolvi colocar o mesmo neste espaço e disponibilizá-lo a vocês. Deixo então com vocês o texto:


Uma reflexão sobre o nosso tempo, sobre nossa era...
 
Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos cansados, lemos pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.
Nos conforta ser bombardeado com desgraças distantes e alheias a se mexer para melhorar o que nos é próximo. A boa vida das pessoas depende apenas da ruim vida dos outros. Somos referência e não mais essência.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores; falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Falamos em preservar a natureza e ao mesmo tempo não preservamos a nossa própria; protegemos a fauna e flora, porém, não constituímos famílias e até não queremos ter filhos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade de encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Queremos e fazemos muitas coisas maiores, mas poucas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nossos preconceitos;
Escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não nos é comum esperar. Valorizamos a velocidade e esquecemos a paciência.
Pagamos para não comer, para emagrecer e não mais agradecemos pela fartura.
Quando estamos em um lugar ou momento, sempre citamos outros como melhores, a felicidade sempre está longe, não mais vivemos no presente.
Lutamos pela comodidade e em seguida pagamos para fazer exercícios físicos.
Malversamos a chuva e o calor em lugar de agradecer o que gratuitamente é dado por ELE, a vida, a água e a luz. Nos voltamos para ELE apenas quando o SEU cansaço nos puni.
Lutamos por republicas em lugar de monarquias e ao mesmo tempo preferimos ser súditos a se comportar como cidadãos. Preferimos bajular a trabalhar digna e honestamente.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias, mais conhecimento; nos comunicando melhor longe do que em humanas distâncias.
Em lugar de líderes, elegendo reis e ficamos aguardando por benevolências em lugar de consegui-las com o próprio trabalho. Valorizamos as "Autoridades" e não valorizamos a nós próprios.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno.
Países e estados de poderes acentuados, e cidadãos diminutos com relações e vidas vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Era da extinção do gênero, do homem com homem, da mulher com mulher e de ambos com animais, plantas, etc.
Era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas" que garantem o prazer e descartam a vida.
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa; valorizamos a aparência e nada nos importamos com a essência.
Uma era que leva estes paradoxos a você, que te permite destinar um pouco do seu tempo em reflexão, modificar, acrescentar ou simplesmente clicar em 'delete'.

Uma belíssima e importante reflexão! Abraços a todos!

domingo, 12 de junho de 2011

Donos da Terra? O Internacionalismo e a Natureza.

É incrível como as vezes a mente humana trabalha sem que precisemos atuar de forma consciente! Uma música, uma fala, uma cor, um cheiro nos trazem visões do passado, lembranças e até mesmo reflexões. As vezes esses fatos acontecem por associação, uma frase que ouvimos durante o dia, associada a visão de algo, ou a percepção de um fato, e então vem o “estalo” na mente, o “insight”.
Algo até então não percebido, ou se percebido, não levado em consideração, vem a mente com toda a força, e então pensamos: “É isso! Como não havia pensado ou percebido isso antes?”.
Foi mais ou menos isso que ocorreu comigo, caros leitores! Algo parecido!
Não foi exatamente um “insigth”, mas me apercebi da importância de um fato que eu já sabia importante (tanto que já mencionei ele aqui mesmo, neste blog em textos anteriores), mas apesar disso notei que ele deve ser melhor trabalhado, por que é uma das chaves para abrirmos o cofre da compreensão dos fenômenos naturais.
Na última sexta feira, em sala de aula, ao trabalharmos a maneira como a Constituição Federal de 1988 apresenta a proteção ao Meio Ambiente, eu ouvi de uma colega de sala uma frase, que por mais lógica e simples que possa ser, me chamou a atenção. Me chamou a atenção porque apesar de lógico, o fruto, a razão, o motivo de existência da própria frase, ou seja, o sentido da mesma, infelizmente não esta presente na sociedade de uma forma geral.
Qual o sentido da frase? Internacionalismo! Fim das fronteiras! A humanidade se vendo enquanto humanidade, enquanto espécie, e não mais enquanto um amontoado de nações separadas e muitas vezes antagônicas entre si.
A frase não tratava da humanidade em si, tinha como objeto o meio ambiente ao dizer que na natureza não existem fronteiras, que nossas fronteiras artificiais não são respeitadas pela natureza, a frase foi mais ou menos esta: ...”exemplo disso é o vulcão no Chile, onde nós aqui estamos sentindo as consequências e todos os países em volta...”.
Quando ouvi isso, senti o internacionalismo implícito na frase (talvez a própria autora da mesma não tenha percebido isso na hora, mas imagino que o tenha, pois já percebi a tempos a grande capacidade intelectual dessa minha colega de sala), mas hoje a noite ao olhar para o céu tentando observar a Lua, vi fumaça entre a Lua e nós, e esta fumaça viajou quilômetros para estar aqui, viajou entre fronteiras não respeitando as mesmas.
Essa fumaça é apenas mais um exemplo de que a natureza é um todo único, de que nossas fronteiras não existem para ela, logo se quisermos de alguma maneira prolongar nossa existência enquanto espécie, é enquanto espécie que devemos agir.
Assim os “patriotas” que gritam a favor da mudança no código florestal, estão gritando não apenas contra a existência de seus filhos, netos e outras gerações vindouras. Estão gritando contra sua própria espécie, e apesar de se dizerem patriotas gritam contra sua própria nação, pois se existe algo de precioso no Brasil é sua biodiversidade, se existe algo que pode dar ao Brasil um papel de destaque no mundo é sua biodiversidade. Não é a cana (já produzimos cana enquanto colônia), não é a soja (mera commodities no mercado mundial), não é a pecuária (nossa pecuária é extremamente ineficiente em termos de produção vide relatório da SBPC), não é nada disso.
É a possibilidade de pesquisa, de desenvolvimento científico, de aumento do saber que esta presente em nosso território. E se não bastasse isso, uma mudança como a pretendida para o código florestal é um tiro contra nossos filhos, um tiro contra nossa própria espécie!
Lembrem-se da frase desta minha colega sobre o vulcão, ela denota bem que para a natureza não existem fronteiras, o que fazemos aqui interfere do outro lado do planeta, e o que fazem lá interfere aqui. A teoria do caos diz que pequenos atos podem levar a grandes consequências, impossíveis de serem calculadas, previstas, e se pequenos atos podem levar a grandes consequências, grandes atos podem levar a tragédias. Que também podem ser construídas através da soma de diversos pequenos atos (é só lembrar de Santa Catarina e da região Serrana do Rio de Janeiro).

Fonte:http://netoclicak.blogspot.com/2008/05/terra-em-transe-teoria-do-caos-e-o.html

Ao se falar de natureza deve-se ter em mente duas coisas: fatos (sejam eles eventos naturais ou não) que ocorrem em um ponto do planeta tem consequências ao longo de todo o planeta, como se reverberassem da mesma forma que ondas sobre a água de um lago, para a Terra não existem fronteiras, ela é um todo único. O segundo ponto a ser analisado é a maneira como nos vemos em relação a natureza: somos estrangeiros em nosso próprio mundo? Alguma anomalia que se desenvolveu por acidente, e desta forma não tem relação com o que esta a sua volta? Ou somos parte deste todo? Uma dentre milhões de outras espécies, que vivem e formam este corpo que alguns chamam de Gaia? Tais questionamentos, devem ser feitos antes de tecermos e construirmos a maneira como nossa sociedade ira se relacionar com o mundo natural. Estamos em um período histórico de escolha, de mudanças, como já foi dito “tudo o que é sólido se dissolve no ar”. Tal dissolução da própria sociedade, como um sorvete derretendo ao Sol, nos leva a pensar: qual a saída? Existe saída? Como  construir outra sociedade? É necessário construir outra sociedade? São necessários outros parâmetros de relacionamento dentro da própria sociedade, e desta para com o mundo a sua volta? Ou melhor, existe um mundo a sua volta, ou querendo ou não a sociedade esta integrada ao mundo natural mesmo que assim não o queira, e desta forma tudo o que acontece com ele também acontece com ela? Estas são perguntas de nossa época. Cabe a nossa geração responder estas perguntas, cabe a nossa geração dar a possibilidade de construção de um mundo melhor para a geração vindoura.
Quero terminar esta reflexão (que já esta se tornando longa para um blog) com uma frase que expressa, resume, tudo o que disse aqui (não, agora não é a frase da minha colega (risos)), mas sim de um pensador, de um sonhador, de alguém que como este que escreve neste momento almejou um mundo melhor:
"Mesmo uma sociedade inteira, uma nação, ou mesmo todas as sociedades existentes num dado momento em conjunto, não são donas da Terra. São simplesmente suas possuidoras, suas beneficiárias, e têm que a legar, num estado melhorado, para as gerações seguintes, como bons pais (e mães) de família" (K. Marx).
Imagem do Filme O Grande Ditador de Charles Chaplin

Essa frase resume tudo o que eu quis apresentar a vocês, não somos donos da Terra, somos meros usufrutuários, e para que possamos tratá-la como ela merece ser tratada, temos de começar a nos encarar enquanto uma espécie, e isso só vai ser possível quando um sistema que divide as pessoas for substituído por um sistema que unifica os indivíduos. Quando um sistema que tem na sua essência a individualização, for substituído por um sistema que tenha em sua essência a construção e a vivência comunitária. Desta forma termino aqui meu texto com um pedido: peço que reflitam no que foi colocado, e nas perguntas que aqui foram feitas!

Abraços Ecosocialistas a todos!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nota de repúdio aos atos de violência da Guarda Municipal praticados na Câmara de Vereadores contra os/as professores/as.

O dia 07 de maio de 2011 poderia entrar para a história como o dia segunda queda do ministro Antonio Pallocci. Mas entra também por ter sido o dia em que a Câmara de Vereadores e a Guarda Municipal de Fortaleza escreveram uma das páginas mais vergonhosas da história de nosso estado, dirigida contra o movimento dos trabalhadores em geral e os educadores da rede pública municipal em particular.
A violência, exercida a pedido do presidente da CMF Acrísio Sena e a mando do diretor geral da GMF Arimar Rocha, passou de todos os limites. Sprays de pimenta, cassetetes, escudos, gás lacrimogêneo, enfim, todo tipo de aparato repressivo empregado pela Guarda Municipal foi usado contra professores e manifestantes que protestavam diante da Câmara Municipal. O protesto era contra a tentativa dos vereadores da base de apoio da prefeita Luizianne Lins aprovarem a qualquer custo um projeto que altera salários e jornadas dos professores municipais, descumprindo o que determina a Lei do Piso Nacional do Magistério.
Entre os atingidos, professores e manifestantes filiados ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o vereador João Alfredo, também do PSOL, que se manteve ao lado dos professores e recusou-se a reconhecer a manobra montada pelos apoiadores da administração municipal contra os professores.
A greve dos professores e a intransigência do governo Luizianne (PT)
Desde o dia 26 de abril, os professores municipais encontram-se em greve. Reivindicam o cumprimento por parte da PMF da Lei do Piso Nacional do Magistério, especialmente no que se refere ao pagamento do piso no vencimento base inicial da carreira do magistério das redes públicas, para uma jornada de 40 horas semanais com 1/3 destinado às atividades de planejamento, preparação de aulas, elaboração e correção de provas. Medidas cuja constitucionalidade foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
Diante da palavra final do STF, era de se esperar que o governo Luizianne Lins (PT) simplesmente cumprisse a lei. Ao invés disso, preferiu o caminho do confronto, buscando todo meio de burlar o direito conquistado.
Primeiro, a prefeita enviou para a Câmara Municipal uma mensagem de projeto de lei que revisava o plano de cargos, negando aos professores com formação superior os benefícios da aplicação do piso no vencimento base correspondente à referência inicial da carreira. A mensagem também não respeitava as exigências da jornada.
Muito justamente, os professores recusaram o conteúdo da mensagem. Com sua mobilização conseguiram evitar a votação do projeto de lei. Diante disso, o governo apontou para uma negociação que terminou frustrada por sua própria intransigência.
Desrespeitando o próprio compromisso assumido com os professores, o presidente da Câmara, vereador Acrísio Sena, decidiu colocar em votação a qualquer custo um substitutivo em que novamente não são atendidas as reivindicações da categoria nem as exigências da Lei do Piso.
Plenamente ciente de seus atos e de suas consequências, Acrísio convocou a Guarda Municipal para evitar o acesso dos professores ao plenário, ao mesmo tempo em que o governo municipal mobilizava diretores de escola e cargos comissionados na PMF para lotarem as galerias da Câmara Municipal. O resultado foram os bárbaros e desmedidos atos de violência que atingiram professores, parlamentares de oposição e profissionais da imprensa. Impedidos de entrar nas galerias, os professores tentaram impedir a entrada de vereadores. Dessa forma a sessão não foi realizada no horário regimental.
A nudez da rainha e de seus súditos
Na conhecida fábula, a nudez do monarca só é reconhecida a partir do grito de alerta de uma criança, pondo fim ao desfile do governante que se imaginava envolto em luxuosos trajes inexistentes. No caso de Fortaleza, os lamentáveis episódios de violência devem nos servir para desnudar o verdadeiro caráter do governo Luizianne Lins (PT).

O tratamento dispensado pelo governo municipal às reivindicações do funcionalismo é simplesmente vergonhoso. Não guarda nenhum sinal de compromisso com a causa dos trabalhadores e suas lutas. Antigos ativistas de movimentos sociais, como um dia foram Luizianne, Acrisio e Arimar, não têm o mínimo pudor em assumir o papel de defensores intransigentes de uma ordem injusta e desigual.
Embriagados pelo poder, perderam toda noção do sentido histórico da luta anti-capitalista. Limitam-se hoje a parodiar os dominantes e opressores, assumindo para si o papel de administradores da crise social e política do sistema capitalista. Ao invés de se colocarem como instrumento dos trabalhadores e oprimidos, preferem fazer de conta que seja possível aprimorar uma máquina falida, cujo fim último continua sendo assegurar que a riqueza produzida pela maioria seja apropriada por uma minoria exploradora e corrupta.
O que o governo Luizianne Lins (PT) pretende é, simplesmente, descumprir uma Lei nacional. A alegação de que faltam recursos para pagar os professores não se sustenta. Bastaria redimensionar o orçamento, dando prioridade ao pagamento do funcionalismo. Não é assim que Dilma e os demais governantes fazem quando querem ou precisam, cortando direitos e salários?
Sabemos que enquanto persistir esse sistema capitalista, os trabalhadores seguirão impedidos de conquistar a satisfação plena de suas necessidades materiais e culturais, não importa o alcance de suas vitórias sindicais. Entretanto, essas lutas são fundamentais para a conquista da organização e da consciência que pode fazer da classe trabalhadora uma força capaz de superar o capitalismo e construir uma nova ordem social ecossocialista, onde as relações entre as pessoas e destas com a natureza não continuem aprisionadas na lógica fria e insensível das relações mercantis, mas expressem o compromisso ativo e solidário com a construção de uma nova sociedade, para além da barbárie capitalista e da destruição ambiental.
São por esses motivos que o Partido Socialismo e Liberdade apoia sem reservas as lutas dos professores e repudia a truculência usada contra os manifestantes na Câmara Municipal. Convocamos todos os trabalhadores e a população de Fortaleza a prestar solidariedade aos professores em sua luta pela aplicação do Piso Nacional e a somar conosco na luta contra o sistema capitalista e os governos que o sustentam.
* Pela punição aos assassinos e mandantes de crimes contra os trabalhadores e os movimentos sociais! Basta de Violência!
* Pelo cumprimento integral da Lei do Piso Nacional do Magistério!
* Pela anulação da sessão ilegal da Câmara Municipal que aprovou a lei anti-Piso!
* Pela desmilitarização da Guarda Municipal!
Fortaleza, 08 de junho de 2011.

Fonte:

http://blogs.diariodonordeste.com.br/roberto/a-nota-do-psol-sobre-a-violencia-da-guarda-palaciana-de-luizianne/

A obsessiva busca por sexo perverso, por Leonardo Boff, a metáfora do FMi com os povos do sul.

Strauss-Kahn: uma metáfora das práticas do FMI
Internacional
Leonardo Boff   
Sex, 03 de Junho de 2011 11:15
Leonardo BoffLeonardo BoffO leitor ou leitora pensará que foi uma tragédia o fato de o Diretor-gerente do FMI, Strauss-Kahn, ter dado asas ao seu vício, a obsessiva busca por sexo perverso, nu, correndo atrás de uma camareira negra na suite 2806 do hotel Sofitel em Nova York, até agarrá-la e forçá-la a praticar sexo, com detalhes que a Promotoria de Nova York, descreve em detalhes e que, por decência, me dispenso de dizer. Para ele não era uma tragédia. Era uma vítima a mais, entre outras, que fez pelo mundo afora. Vestiu-se e foi direto para o aeroporto. O cômico foi que, imbecil, esqueceu o celular na suite e assim pôde ser preso pela polícia ainda dentro do avião.
A tragédia ocorreu não com ele, mas com a vítima que ninguém se interessa em saber. Seu nome é Nifissatou Diallo, da Guiné, africana, muçulmana, viúva e mãe de uma filha de 15 anos. A polícia encontrou-a escondida atrás de um armário, chorando e vomitando, traumatizada pela violência sofrida pelo hóspede da suite, cujo nome sequer conhecia. A maior parte da imprensa francesa, com cinismo e indisfarçável machismo, procurou esconder o fato, alegando até uma possível armadilha contra o futuro candidato socialista à Presidência da República. O ex-ministro da cultura e educação, Jacques Lang, de quem se poderia esperar algum esprit de finesse, com desprezo, afirmou:"Afinal não morreu ninguém". Que deixe uma mulher psicologicamente destruida pela brutalidade do Mr. Strauss-Kahn não conta muito. Finalmente, para essa gente, se trata apenas de uma mulher e africana. Mulher conta alguma coisa para este tipo de mentalidade atrasada, senão para ser mero "objeto de cama e mesa"?
Para sermos justos, temos que ver este fato a partir do olhar da vítima. Ai dimensionamos seu sofrimento e a humilhação de tantas mulheres no mundo que são sequestradas, violadas e vendidas como escravas do sexo. Só uma sociedade que perdeu todo o sentido de dignidade e se brutalizou pela predominância de uma concepção materialista de vida que faz tudo ser objeto e mercadoria, pode possibilitar tal prática. Hoje, tudo virou mercadoria e ocasião de ganho desde o bens comuns da humanidade, privatizados (commons como água, solos, sementes), até órgãos humanos, crianças e mulheres prostituidas. Se Marx visse esta situação ficaria seguramente escandalizado, pois para ele o capital vive da exploração da força de trabalho mas não da venda de vidas. No entanto, já em 1847 na Miséria da Filosofia intuía:"Chegou, enfim, um tempo em que tudo o que os homens haviam considerado inalieável se tornou objeto de troca, de tráfico e podia alienar-se. O tempo em que as próprias coisas que até então eram comunicadas, mas jamais trocadas, dadas, mas jamais vendidas: adquiridas mas jamais compradas como a virtude, o amor, a opinião, a ciência e a consciência, em que tudo passou para o comércio. Reina o tempo da corrupção geral e da venalidade universal....em que tudo é levado ao mercado".
Strauss-Kahn é uma metáfora do atual sistema neoliberal. Suga o sangue dos paises em crise como a Islândia, a Irlanda, a Grécia, Portugal e agora a Espanha como fizera antes com o Brasil e os paises da América Latina e da Asia. Para salvar os bancos e obrigar a saldar as dívidas, arrasam a sociedade, desempregam, privatizam bens públicos, diminuem salários, aumentam os anos para as aposentadorias, fazem trabalhar mais horas. Só por causa do capital. O articulador destas políticas mundiais, entre outros, é o FMI, do qual Strauss-Kahn era a figura central.
O que ele fez com Nafissatou Diallo é uma metáfora daquilo que estava fazendo com os paises em dificuldades financeiras. Mereceria cadeia não só pela violência sexual contra a camareira mas muito mais pelo estupro econômico ao povo, que ele articulava a partir do FMI. Estamos desolados.
Leonardo Boff é teólogo

Fonte: http://socialismo.org.br/portal/internacional/38-artigo/2074-strauss-kahn-uma-metafora-das-praticas-do-fmi

terça-feira, 7 de junho de 2011

Reunião entre a Bancada Evangélica e o Movimento LGBT

O deputado Jean Wyllys, participou, na manhã desta quarta-feira (31), de reunião entre integrantes da Comissão de Direitos Humanos, da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT e da bancada evangélica. Uma iniciativa do deputado, ao lado das deputadas Manoela D’Avila e Erika Kokay, o encontro teve como objetivo abrir o diálogo para um consenso entre a bancada e o movimento em defesa dos Direitos Humanos de homoafetivos.
Com a presença dos deputados e pastores João Campos (PSDB-GO), Marco Feliciano (PSC-SP), Ronaldo Fonseca (PR-DF), Lincoln Portela (MG), Felipe Pereira (PSC-RJ) e Damião Feliciano (PDT-PB), a discussão girou em torno da necessidade da aprovação do kit “Escola Sem Homofobia”, do Ministério da Educação, e do PL 122, projeto de lei que pretende incluir a homofobia entre os crimes de preconceito já previstos.
A deputada Manoela, presidente da Comissão de Direitos Humanos, abriu a reunião levantando dois pontos – ou “preocupações”, segundo ela: a maneira equivocada que a bancada evangélica vem sendo retratada através das ações e falas preconceituosas e odiosas do deputado Jair Bolsonaro, e a idéia de quem defende os Direitos Humanos pratica a intolerância religiosa.
Segundo Wyllys, Coordenador da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT na Câmara dos Deputados, é necessário acabar com a idéia de que quem defende direitos humanos e direitos civis é “Cristãofóbico” termo que, segundo o deputado, vem sendo utilizado para desacreditar os que lutam pelos direitos LGBT. “Precisamos acabar com esse tipo de relação”, diz. “Defender direitos humanos não implica ser contra as religiões”.
O ponto que causou a maior polêmica na discussão foi gerado pela fala do deputado Portela, de que o kit “Escola sem Homofobia” induz a prática homossexual. O deputado Wyllys retrucou a afirmação do líder do PR com uma explicação sobre a “Escola Sem Homofobia”, projeto para o qual apresentou parecer, ainda como professor universitário e antes mesmo de ser eleito deputado federal. O deputado também lembrou que o kit obteve pareces da Unesco, do Conselho Federal de Psicologia, da UNE, e do próprio Conselho de Classificação Indicativa. “Não é possível que essas instituições estejam erradas”, diz.
Após reivindicar uma representação nas discussões sobre o kit contra preconceitos do MEC e demais assuntos relacionados aos Direitos Humanos de LGBTs, os integrantes da bancada evangélica reafirmaram seu apoio à luta contra o preconceito e à homofobia, reiterando que a fala de um deputado não representa a bancada como um todo.
Ficou acordado que a Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos e a bancada evangélica, irá propor um encontro com o ministro Fernando Haddad para discutir o material do kit “Escola Sem Homofobia”. Um encontro para discutir o PLC 122 com a senadora Marta Suplicy (PT-SP) e o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) também será proposto pela parceria.
(Karla Watkins - Gabinete Jean Wyllys)
 
Fonte: http://jeanwyllys.com.br/wp/jean-wyllys-abre-dialogo-com-bancada-evangelica-sobre-os-direitos-humanos-de-homoafetivos-01-06-2011
 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Os gays e a Bíblia

Belissimo texto do religioso dominicano Frei Beto falando sobre a discriminação! Vale a pena a leitura e a reflexão:


É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.
No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”…).
Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc).
No 60º aniversário da Decclaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.
A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.
Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.
São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.
A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama…).
Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?
Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.
Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?
Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.
Autor: Frei Betto
Fonte: http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=18026&cod_canal=53

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Para onde ou quem, vai o seu dinheiro?

Caros leitores não sou economista, mas hoje quero falar sobre economia, ou melhor, falar não! Apresentar a vocês, alguns dados!
Os dados que irei apresentar aqui neste texto foram adquiridos em levantamentos feitos pela Auditoria Cidadã, e podem todos eles (assim como muitos outros) serem acessados clicando aqui.
Vocês sabem como são gastos os impostos que pagamos? Quem custeia verdadeiramente o Estado-Nação? Onde esta o verdadeiro rombo do orçamento brasileiro?
Todos essas perguntas e algumas outras que todos nós fazemos, mas geralmente não sabemos onde buscar as respostas podem ser encontradas no site da Auditoria Cidadã, e alguns deles seguem logo abaixo.
Primeira pergunta: Onde esta o verdadeiro rombo do orçamento em nosso País? Onde esta o vazamento? Serão os programas sociais como Bolsa Familia, os salários do funcionalismo público ou dos parlamentares, talvez a previdência (afinal vivemos ouvindo falar em "rombo da previdência")? Não, o quadro abaixo mostra que o rombo, o ralo, o gargalo do orçamento brasileiro é o sistema finânceiro! Os bancos são os grandes detentores do Capital, e recebem a maior parte de nosso orçamento apenas como amortização de juros da divida pública.
Vejam o quadro:
Pizza do Orçamento Anual de 2010 Fonte: Auditoria Cidadã, para aumentar a imagem é só clicar na mesma.






















Pelo gráfico acima, percebemos bem para onde vai a maioria do dinheiro do orçamento brasileiro, tais juros e amortizações são por dívidas que muitas vezes já foram pagas no seu total, mas os especuladores, bancos e outros preferem ficar recebendo os juros, pois é muito mais rentável.
E a população? Como fica nessa estória? A população? Ela paga! Apenas isso! E fica com o que sobra!
Os 44,93% do orçamento destinado ao pagamento da dívida pública estão desta forma divididos:
Empresas Não-Finânceiras: 8%
Fundos de Pensão: 16%
Fundos de Investiento: 21%
Bancos Nacionais e Estrangeiros: 55%
Como vêem mesmo dentro da divisão dos 44,93% do orçamento que são destinados ao pagamento e amortização da dívida pública os bancos abocanham a maior parte de forma direta, e o resto de forma indireta! Estão percebendo agora quem manda neste país? Sinceramente, perto de um rombo deste tamanho o salário de deputados é pouca coisa, vejam a parte destinada ao Legislativo no orçamento para terem uma ideia do que digo.
Enfim, esse gráfico mostra como nosso dinheiro é dividido, quem fica com ele e por que muito do que sabemos que poderia ser feito por que existe verba não é feito.
As prioridades do Estado estão claramente demonstradas por este gráfico. Bom, agora que refletimos sobre o rombo, vamos ao custeio.
Quem verdadeiramente custeia o Estado? Ou para entender melhor: Quem paga a conta da dívida?
Para responder esta pergunta seguem alguns dados para reflexão:


A imagem acima já fala tudo sobre a questão da distribuição de renda em nosso país, não é mesmo? Ou preciso comentar algo? Seguem mais algumas imagens com dados que creio serem do interesse do leitor:


Ou seja, apesar dos Banqueiros e grandes empresários viverem chorando por falta de verba, é a população trabalhadora que tem de fazer malabarismos para sobreviver com a sua renda e ainda sustentar o Estado.
Vejam a diferença gritante da comparação abaixo:
E então! Fica a pergunta: "Quem finância o estado?"
Descobrimos, ou pelo menos temos a impressão de quem finância o Estado, mas e quem se utiliza dele? Ou a quem o Estado serve? Seguem mais algumas imagens procurando refletir sobre este tema importante:
Pois é! Agora sabemos a quem o Estado serve! Existe possibilidade de mudar este quadro? É dificil, não nego caro leitor. Mas, não é impossível, por isso reforço o convite feito na última imagem. O cuidado do cidadão para com a sociedade, é o cuidado do cidadão para com ele mesmo. Afinal ele faz parte da sociedade, e gostando ou não é atingido em tudo o que atinge a sociedade!
Por isso resolvi fazer este texto, colocando estas informações a público! Espero que você caro leitor possa ajudar a divulgar, e aceite o convite de participar na luta!
Também convido você caro leitor a acessar a página do TSE clicando aqui para que possa fiscalizar de quem o seu candidato nas eleições de 2010 recebeu verbas. Para que você caro cidadão possa saber quem pagou a campanha do candidato para quem você votou!
Vamos ficar de olho, com a população participando e cobrando podemos sim mudar este quadro, agora com a omissão dos cidadãos a única coisa possível de acontecer e a repetição do "mais do mesmo"! Pensem, não é a toa que tais dados, e informações (como por exemplo a possíbilidade de fiscalização das doações de campanha) não são amplamente divulgados!
Abraços a todos, espero poder continuar contribuindo e contar com vocês na luta por um Brasil e quem sabe um mundo melhor! Lembrem-se: "O MAIOR CASTIGO PARA AQUELES QUE NÃO SE INTERESSAM POR POLÍTICA É QUE SERÃO GOVERNADOS PELOS QUE SE INTERESSAM". (Arnold Toynbee)
Abraços!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Uma informação curiosa? Não! Muito mais do que isso: sinal de um fato!


Em pleno momento de debate sobre as alterações no Código Florestal Brasileiro uma reportagem veiculada hoje (01/06/11) no Jornal O Presente de Marechal Cândido Rondon, me chamou a atenção. A manchete da reportagem diz: “Falta de chuva pode começar a prejudicar as lavouras”.
A mesma faz referência a um fato que é descrito pela reportagem como “uma informação bastante curiosa”, que seria o fim do mês de Maio sem um pingo de chuva em nossa região.
Essa informação na verdade é mais do que uma curiosidade, é um fato, um fenômeno natural que tem implicações e sentidos mais profundos, muito mais profundos do que apenas os problemas para a lavoura descritos na reportagem.
A ausência de chuva durante o mês de Maio pode ser considerado algo extraordinário, pois como diz a reportagem isso é algo que não acontecia há pelo menos 26 anos em nossa região, e levando-se em conta o fato de que as medidas pluviométricas são feitas há 26 anos, podemos dizer que algo assim nunca foi registrado. Logo, não é apenas um fato corriqueiro, uma seca comum, mas sim uma seca em um período em que nunca se registrou uma seca.
A mesma pode muito bem ser levantada como mais um efeito das mudanças climáticas, devemos lembrar que o planeta é um todo, onde ações locais tem efeitos globais. A preservação das reservas legais e das áreas de preservação permanente tem também o objetivo de manter (pelo menos até certo nível) a regularidade do clima.
Logo o agricultor que reclama que vai perder terra cultivável neste processo, tem de lembrar que ele pode perder muito mais se o clima não permitir a colheita, e é isso que esta acontecendo agora.
Não é de hoje que se fala de mudanças climáticas o relatório de 2007 do IPCC, o painel da ONU para mudanças climáticas já estava apontando a tendência de modificação no clima, com chuvas torrenciais em algumas áreas e secas inesperadas em outras, isso que o relatório tem uma tendência ao conservadorismo.
Tais precipitações pluviométricas exageradas em algumas regiões (lembram-se de SC, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, MG?), e secas prolongadas, e em períodos do ano em que as mesmas não eram comuns, em outras regiões, estão relacionadas ao aumento da concentração de gases poluentes na atmosfera (efeito estufa), tais gases são emitidos tanto pelas fábricas poluentes e queima de combustível fóssil, assim como pelo desmatamento e queimadas.
Nossa região, sofreu um processo avançado de desmatamento (claro que não podemos culpar de todo os colonizadores, afinal foram incentivados a isto pelo próprio governo), mas o que temos de perceber é que o reconhecimento de um erro não implica na justificativa de se continuar insistindo na manutenção do mesmo.
Pelo contrário, o reconhecimento do erro implica em correção do mesmo, em olhar para trás, ver onde a sociedade errou, corrigir o que se deve e não insistir na manutenção daquilo que deu errado.
Ao flexibilizar a lei com relação às APP's e as Reservas Legais, a proposta do novo código abre caminho para problemas muito maiores do que a atual seca (que já é um problema e tanto), e faz com que pequenos agricultores ao defenderem estas mudanças ajam contra seus próprios interesses.
Não é de hoje que se sabe da necessidade da agricultura estar organicamente relacionada com o ambiente a sua volta, quando o agricultor passa a defender posições que se colocam como antagônicas a natureza ele esta defendendo uma posição que é contra ele mesmo. Pois ele depende da natureza para produzir, e intermediado por ele toda a sociedade depende da natureza, não estamos descolados do planeta, pairando sobre o mesmo. Não! Somos parte da Terra e devemos proteger a mesma, e o exemplo desta dependência é o transtorno que é gerado com uma seca como esta.
Assim, a flexibilização da lei em relação a reserva legal e às APP's só vai dar mais possibilidade de desmatamento, com mais desmatamento mais efeito estufa e menos matas retendo carbono e fazendo a manutenção do ciclo da chuva, e com menos matas aumenta-se a temperatura global, o ciclo que já esta alterado se altera mais ainda e tragédias ambientais serão ainda mais frequentes. Assim como secas como a deste mês (fato até hoje nunca registrado) podem se tornar corriqueiras e com o tempo inviabilizar o cultivo em nossa região, assim como em diversas outras que hoje produzem abundantemente.
O assunto é complexo, mas a discussão é necessária. É necessário ouvir a ciência neste debate, é necessário que a população em geral participe do mesmo, e é necessário agir com cautela e não com paixões muitas vezes mais vinculadas ao imediatismo do bolso, do que ao próprio coração.
Em um tema como este, devemos pensar como os antigos (os egípcios por exemplo) que faziam planos e pensavam para eras e não para o tempo imediato de um ano ou dois.
Estamos tratando de um tema que não diz respeito a apenas um ou outro indivíduo, e nem mesmo apenas a nossa própria espécie, estamos tratando de um tema de amplitude global, e para tanto devemos pensar como cidadãos da Terra, e não apenas de uma região, ou de um país, ou de uma categoria.
Termino este texto fazendo um convite:
Justamente no intuito de fomentar esta discussão tão necessária que este artigo defende, a Pastoral Operária, a Associação de Defesa da Ecocidadania e Cidade Sustentável (ARDECS) juntamente com o Núcleo Oeste do Paraná da rede Ecovida de Agroecologia, contando com o apoio da Associação dos Geógrafos Brasileiros (Seção Local Marechal Cândido Rondon) e do Centro Acadêmico de Direito XVIII de Novembro, estarão realizando na próxima sexta-feira, no tribunal do júri da UNIOESTE (Campus de Marechal Cândido Rondon) às 19hs e 30min, um diálogo sobre o código Florestal, no intuito de discutir com a comunidade as alterações propostas no mesmo e as consequências destas alterações.
Caro leitor, contamos com a sua presença! Vamos debater juntos um tema tão importante!