segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Extra!!! Compra-se e vende-se Humanidade!!! _ Hein?!?!?


Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade por que não desejam que suas ilusões sejam destruídas!”
(Friedrich Nietzsche)

Esta frase me trás a mente alguns pensamentos! Pensamentos sobre Ilusões! Vivemos uma vida real, ou uma ilusão? A alegoria da caverna de Platão fala de seres-humanos que vivem presos dentro de uma caverna, e nesta prisão eles veem apenas as sombras dos objetos e pessoas que estão fora da caverna sendo projetados nas paredes da mesma.

Aquelas sombras, eles acreditam serem os verdadeiros objetos e pessoas, sem sequer tomarem consciência de que o que veem são sombras, e os objetos e pessoas reais que as provocam estão na luz, fora da caverna.
Para que possam ver a realidade, é necessário que enfrentem o desafio de se dirigirem a luz, e superando a dor acostumem os seus olhos até então adaptados com a escuridão da caverna, ao clarão do Sol.

Esta é a alegoria ou mito em resumo, mas o que ele tem a ver com a nossa vida moderna?
A questão é: E nós? Vivemos fora ou dentro desta caverna? Encaramos sombras como realidade, ou temos a verdadeira percepção das coisas, distinguindo o que é sombra e o que o real objeto que a provoca?
Todos os dias na televisão tentam nos vender uma realidade. Nos dizem o que realmente deve nos importar! Nos informam sobre aquilo que nos trará a felicidade! A completude que nos tornará completos como seres humanos! Será???!!!!

Compre, consuma, compre, consuma, gaste! O Sistema não pode parar, e para que ele não pare ele faz com que você o obedeça sem notar, sem perceber!
Você acredita que tomar Coca Cola lhe trará amigos, você acredita em uma propaganda de perfumes (extremamente machista diga-se de passagem) que lhe diz que terá companhia se usar o mesmo, você acredita que ficará saudável e feliz ao comer Macdonald's. Enfim, fazem você acreditar que as sombras são a realidade do mundo.
Qual o objetivo que o sistema lhe impõe? O que você deve fazer para se sentir realizado? Trabalhar, ganhar, competir e se realizar no consumo.
Você não é humano, você é parte do mercado, você é um número, você é consumidor!












O que nos faz humanos? O que nos diferencia de outros animais? Dizem que é a nossa capacidade de raciocínio, do uso da razão.
Mas, o sistema estimula a razão? O Sistema estimula o pensar? O Sistema estimula o Ceticismo Científico? O Sistema estimula o nosso lado humano?

Na minha pobre opinião ouso dizer: NÃO!!!!!!
O Sistema estimula os nossos instintos mais primitivos, o Sistema (Mercado) nos estimula a nos parecer-mos cada vez mais com os animais e cada vez menos Humanos!
Afinal, o que nos é oferecido? O que é repetido em nossa mente desde a nossa mais tenra infância?
Que devemos competir e não nos ajudar-mos! Que devemos acumular e não compartilhar! Que devemos vencer na vida, mas vencer na vida significa poder consumir e não se sentir Humano.
O Sistema transforma tudo em mercadoria, a vida, a saúde, a liberdade, a felicidade, até mesmo o Amor!
Exemplo disso, é a maneira como nos são oferecidos diversos produtos que na propaganda estão atrelados ao libido e ao desejo sexual: perfumes, cosméticos, bebidas, carros e até mesmo algo que sempre esteve atrelada a poesia e ao sentimento sublime do Amor: a música! Enfim, o Sistema (Mercado) descobriu que o sexo vende! O que é isso senão estimular a libido e nossos instintos com o intuito da obtenção do lucro? E fazemos isto inclusive com nossas crianças!
O sistema não é racional, por isso ele não pode e não tem como estimular a razão! Em seu âmago ele é instinto puro, ele é animalesco, ele nos mantém cada vez mais longe dos deuses e mais perto dos animais!
Caro leitor, este texto é um ensaio, uma reflexão primária, mas pretendo trabalhar melhor esta temática em outros textos a serem publicados posteriormente. Já ouviu falar do mito de Prometheus? É sobre ele e o que este Mito tem a ver com nossa sociedade que falaremos em breve!
Enquanto isso reflita: Você é um Ser-Humano ou um animal? Acredito que sua resposta seja a primeira opção, logo pense: o que estão fazendo com você e com seus filho(a)s, caso tenha filho(a)s? Pense bem, muito bem! Mas com a razão e não com os instintos!!!!

Até a próxima!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Que tal processar Tufão pela Lei Maria da Penha?

Olá Pessoal! Estou de volta com o Blog, passada a correria da campanha iremos nos reencontrar volta e meia por aqui novamente. Quero reinaugurar o blog com um texto que não é de minha autoria, é do Blogueiro Sakamoto. Mas, como achei a reflexão que ele coloca no mesmo mais do que valida para o momento resolvi republicar o mesmo por aqui, com os devidos créditos é claro. O texto fala sobre violência contra a mulher, lei Maria da Penha, e televisão. Boa Leitura!

Que tal processar Tufão pela Lei Maria da Penha?


Eu era viciado em novelas – na época de Vamp… Hoje, prefiro dedicar a parte livre do meu tempo a reprises de House (que Deus o tenha), Big Bang Theory (nerd, eu?) ou Newsroom (sublime). Ontem, por acidente, acabei assistindo a um capítulo de Avenida Brasil, logo no momento em que o mocinho da novela sentava a mão na cara de Carminha – a megera. Desde então, protestos ganharam as redes sociais por conta da força simbólica de um homem traído agredir a sua companheira.
Muitos telespectadores sentiram-se vingados com a vilã levando uns tabefes. Compadeciam-se de Tufão e acharam que a personagem de Adriana Esteves recebeu o que merecia. Mas o que passa pela cabeça do sujeito em casa, que cresceu em uma sociedade machista como a nossa, quando vê um dos heróis da trama empregando violência doméstica? Provavelmente, vê reafirmado o mesmo modelo de comportamento que conhece desde que era um mancebo e que vem sendo questionado pela sociedade a conta-gotas. Se o Murilo Benício, que é o cara, pode, por que eu não?
Se fosse o vilão seria diferente? Em parte, sim, porque isso seria visto como uma ação ruim. Sei que a vida não é preto no branco – há muitos tons de cinza no meio do caminho. Mas esses folhetins televisivos são produzidos simplificando relações humanas, construindo um lado para que possamos torcer, acolher e nos identificar.
Algumas pessoas vão afirmar que uma novela pode até ser baseada em situações da vida real, mas é uma peça de ficção, com a arte alimentando-se da vida. Sabemos, contudo, que o processo não é de mão única, mas circular. A arte também serve para organizar a vida, reafirmando elementos simbólicos, ensinando padrões de comportamento e estruturando o dia a dia.

Esse sentimento de vingança que deve ter tomado parte dos telespectadores é semelhante – guardadas as devidas proporções – às cenas finais de Dogville, de Lars von Trier. Quando a personagem de Nicole Kidman comanda o massacre na pequena cidade que a humilhou, escravizou e estuprou durante todo o filme, matando homens, mulheres e crianças com requintes de crueldade, não foram poucas as pessoas no cinema que sentiram um calor percorrer o seu corpo. Acreditavam que era o sentimento de Justiça. Porém, pouco tempo depois, surgia, no lugar, um calafrio de vergonha ao perceber que não era Justiça, mas vingança em seu estado mais selvagem que as possuíra minutos antes. Com isso, o diretor conseguiu mostrar o quanto a parte mais bizarra de nossa programação ainda age em nós e como é longo o caminho para domá-la e desligá-la. Não individualmente, mas como coletivo, como sociedade.
Somos programados, desde pequenos, para que homens sejam agressivos. Ganhamos armas de brinquedo, espadas, luvas de boxe. Raramente a nós é dado o direito de que consideremos normal oferecer carinho e afeto para outro amigo em público. Ou de chorar e se fechar diante da tristeza. Manifestar nossos sentimentos é coisa de mulherzinha. Ou, pior, de “bicha”. De quem está fora do seu papel. Lavar a honra com sangue ou com porrada, pode. Bater em “vadia” pode. Em “bicha” pode. Em “maconheiro” pode. Em “mendigo” pode. E por que não em índio? Em vagabundo. Em sem-terra. Em sem-teto.
As pessoas envolvidas em casos de violência contra mulheres colocam em prática o que devem ter ouvido a vida inteira: quem não se enquadra em um padrão moral que nos foi empurrado – e que não obedece à hegemonia masculina, heterossexual e cristã – é a corja da sociedade e age para corromper o nosso modo de vida e tornar a existência dos “cidadãos de bem” um inferno. Seres que nos ameaçam com sua liberdade, que não se encaixa nos padrões estabelecidos pelos “homens de bem”.
Quando uma mulher tem uma relação extraconjugal, o coletivo não a agride por ter rompido unilateralmente um acordo interno do casal, mas por ter desrespeitado uma regra social que todas as outras pessoas estão obrigadas a obedecer. Quem é ela para achar que pode ser melhor do que os outros?
Uma amiga pediu a aplicação da Lei Maria da Penha para o Tufão. Em 1983, o ex-marido de Maria da Penha – o covarde Marco Antônio Herredia Viveiros – atirou nas costas da esposa e depois tentou eletrocutá-la. Não conseguiu matá-la, mas a deixou paraplégica. Muitos anos de impunidade depois, ele pegou seis anos de prisão, mas ficou pouco tempo atrás das grades. A sua busca por justiça tornou-a símbolo da luta contra a violência doméstica. E, em agosto de 2006, foi sancionada a lei 11.340, a Lei Maria da Penha, para combater crimes dessa natureza. O STF, posteriormente, ampliou as possibilidades da lei, afirmando que é desnecessária a denúncia da agredida para que o processo seja aberto.
A caminhada que a lei teve que percorrer até aqui é dura e ingrata. Lembro de um juiz de Sete Lagoas (MG) que rejeitou uma série de pedidos de medidas, baseadas na Lei Maria da Penha, contra homens que agrediram e ameaçaram suas parceiras. Edilson Rodrigues afirmou em suas sentenças: “Para não se ver eventualmente envolvido nas armadilhas dessa lei absurda, o homem terá de se manter tolo, mole, no sentido de se ver na contingência de ter de ceder facilmente às pressões.” E ainda: “A vingar esse conjunto de regras diabólicas, a família estará em perigo, como inclusive já está: desfacelada, os filhos sem regras, porque sem pais; o homem subjugado”.
Ainda bem que as decisões do Supremo sobre a interpretação da Constituição Federal visando à garantia de direitos humanos não são tomadas com base em pesquisas de opinião ou para onde sopra a opinião pública em determinado momento. Principalmente em finais de novela.
Em uma sociedade que canta um “tapinha não dói” e se sente vingada quando alguém que teve uma relação extraconjugal apanha em rede nacional, a Lei Maria da Penha é uma lufada de ar fresco. Mais do que apenas punição, é didática. Mas, como já disse aqui, deixou uma manada de babacas irritadíssimos com uma suposta “interferência do Estado na vida privada”. Afinal de contas, quem vocês pensam que são? Eu bato na minha mulher/filha/mãe/irmã na hora que quiser e com o objeto que quiser!
A esses, o meu desprezo. Bem como ao mocinho (sic) da novela."


Publicado originalmente em: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/10/09/que-tal-processar-tufao-pela-lei-maria-da-penha/