quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Bandejão do Movimento Estudantil: Estudantes distribuem almoço e janta gratuitos em protesto contra a ausência de RU na UNIOESTE



Entidades do Movimento Estudantil 'inauguram" Cantina Universitária no Campus da UNIOESTE em Marechal Cândido Rondon:
Um protesto criativo e inusitado ocorre hoje no Campus da UNIOESTE em Marechal Cândido Rondon: O BANDEJÃO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL.
O ato faz referência a demora em inaugurar a cantina universitária e a total ausência de um Restaurante Universitário na instituição. Há alguns anos, aqui mesmo neste blog, foi publicado um texto denunciando esta situação que de tão problemática leva estudantes a se obrigarem, inclusive, a trabalhar por comida em restaurantes do município (veja aqui a reportagem).
O ato de hoje esta sendo organizado pelas seguintes entidades: Centro Acadêmico de Geografia, Centro Acadêmico de História, Centro Acadêmico de Letras e o Diretório Central dos Estudantes e conta com o apoio da ACEMPRE e do CAPA que doaram os alimentos.
Para se manifestarem, os acadêmicos do Movimento Estudantil organizaram um almoço coletivo gratuito (com os alimentos doados pelas entidades acima mencionadas), este almoço foi distribuido para os estudantes simulando uma inauguração da Cantina Universitária, cuja estrutura já esta pronta já faz algum tempo no campus mas até agora não entrou em funcionamento.
Os acadêmicos militantes do Movimento Estudantil abordavam os demais acadêmicos e professores, convidando-os a almoçarem na cantina gratuitamente.
O almoço começou a ser distribuído às 11h da manhã e na parte da noite o ato continua com a distribuição da janta (também de maneira gratuita) a partir das 20h30, portanto você acadêmico que estuda a noite vá prestigiar e participar do manifesto e aproveite para jantar.
Como mencionado acima a ausência de um Restaurante Universitário na UNIOESTE causa grandes dificuldades de permanência dos estudantes nos cursos, vários deles por não conseguirem arcar com os custos de aluguel e alimentação na cidade acabam desistindo de terminar a faculdade.
Há alguns anos o Diretório Central dos Estudantes fez um levantamento que demonstrou que um alto percentual dos acadêmicos da UNIOESTE trabalhavam por comida nos restaurantes da cidade, ou seja, trabalho similar ao trabalho escravo.
Portanto, a construção de Restaurantes Universitário e de Casas do Estudante em todos os Campus da UNIOESTE não é só uma questão que adentra na temática da ampliação da estrutura que possibilite a permanência do estudante na universidade, no presente caso, é também uma questão de Direitos Humanos. 
Veja abaixo algumas imagens do ato na parte da manhã:









sexta-feira, 7 de agosto de 2015

APRENDENDO A DESAPRENDER


Primeiro é o indivíduo, depois a família, então a família e os amigos que formam a tribo, depois da tribo a cidade, após a cidade ou feudo, depois destes a província, em seguida o povo, após o povo a espécie. Estes são os níveis de evolução do pensamento sobre o Outro na História humana, claro que nem todos os espaços geográficos e povos seguiram esta mesma linha temporal, mas pode-se dizer que a mesma é uma síntese geral.
Já chegamos no último estágio da citada linha? Não! Alguns sonham em chegar, alguns lutam para que cheguemos, mas ainda nos matamos pela religião, pela cor da pele, ainda nos vemos como diferentes no sentido da divisão interna da espécie. Os indivíduos da espécie não se vêem como espécie, pelo menos não em termos gerais. Prova disso é a corrente frase na boca de uma legião: “Direitos Humanos, para Humanos direitos”! Como se houvesse um Humano direito e um Humano errado, o que há é Ser Humano, ajustado ou não à ordem social em que ele esta inserido, não importa, a sua Condição de Humano se mantém.
Ao refletir sobre isso, fico pensando naquele que necessita ser o nosso próximo estágio de evolução no sentido de nos auto compreendermos e compreendermos o nosso lugar neste planeta: a nossa relação com as demais espécies vivas.
Se não conseguimos nos relacionar nem mesmo conosco, será que um dia conseguiremos nos relacionar de uma maneira mais harmônica, menos agressiva e arrogante com as demais espécies?
Somos ensinados desde o berço por nossas religiões, de que o Universo foi feito para nós. De que somos o ápice da criação, de que tudo o que existe deve nos servir e que temos direito a dominar todos os demais seres vivos.
O que é o Ser Humano na comunidade das espécies? Uma espécie que surgiu no último minuto da História Cósmica, e mesmo assim se atreve a subir na tribuna para falar às outras espécies que estas devam lhe servir? Qualquer indivíduo em nossa roda de amigos, que tenha um discurso parecido com este em relação aos demais indivíduos, seria taxado no minimo de arrogante e lunático. Agora reflitam comigo:

(...)
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e
enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”
(Gênesis 1:26-28)

Este é um trecho fundamental do livro mais vendido de todos os tempos: a Bíblia cristã. Este trecho também esta presente na Torá e no Alcorão, em outras palavras talvez, mas o conceito é o mesmo, afinal não é a toa que as três religiões são chamadas “As religiões do livro”, vejam bem: “do livro”, não “dos livros”, isto porque elas tem a mesma origem teológica e filosófica. Com o desenvolvimento histórico e social as diferenças entre elas se consolidaram, mas mesmo assim elas mantém um vínculo originário.
Relação Antropocêntrica X Relação Sistêmica
Imagem disponível em: https://goo.gl/OyEuyl





E não é só nestas religiões que o conceito de supremacia do Ser Humano esta presente, este conceito perpassa todas as religiões. Sentimos a necessidade de nos sentirmos especiais!.
Na ciência, pelo menos na ciência dominante o conceito não é muito diferente, pode não ter uma explicação mistica, pode se embasar em uma explicação aparentemente racional, mas coaduna com a noção de que o Ser Humano é uma espécie privilegiada e superior em relação às demais.
Quem já não ouviu ou leu estas afirmações: “o Ser Humano é o único animal racional”, “apenas o Ser Humano tem a capacidade de raciocínio”, “o Ser Humano é o único que tem noção de individualidade”, “os animais agem por instinto e o Ser Humano pela Razão” (vejam bem, separamos até os termos animais e Ser Humano, como se também não fossemos animais), “o Ser Humano é o único capaz de criar ferramentas”?
Todas as afirmações acima, e outras, são utilizadas para explicar e justificar “cientificamente” uma suposta superioridade do Ser Humano em relação às demais espécies vivas. A ciência tradicional encara as demais espécies como máquinas extremamente complexas, mas apenas máquinas. Desta forma tanto esta vertente do pensamento científico como o cerne do pensamento religioso, colaboram para difundir e reforçar uma ideia de distinção do Ser Humano para com as demais espécies vivas, e consequentemente da própria natureza.
Esta forma de pensar tem consequências históricas terríveis e é uma das principais razões que nos trouxe ao atual estado de desequilíbrio extremado em nossa relação com o Sistema – Terra.
Sistema - Terra e seus subsistemas
Imagem disponível em: https://goo.gl/fQTvnz


Assim, eu volto a questão inicial: se não conseguimos nem mesmo conviver harmonicamente dentro de nossa própria espécie, conseguiremos construir a necessária harmonia inter-espécies? Necessária, inclusive, para nossa sobrevivência!
Não! Não conseguiremos se não começarmos a questionar conceitos reproduzidos por instituições que se arvoram no direito de dizer quem somos. Para que possamos construir esta necessária harmonia primeiro precisaremos “aprender a desaprender”, como dizia o poeta português Fernando Pessoa.
E este “aprender a desaprender” deve estar presente nas relações mais básicas como a sua relação com o seu animal de estimação ou o animal de estimação do seu vizinho ou vizinha (ou quem sabe o seu gosto questionável – a partir desta nova visão – em assistir uma sessão de tortura animal chamada rodeio) assim como, em questões mais amplas, como por exemplo: o impasse que se consolida quando determinada área de terra vai ser usada para a construção de um shopping ou fábrica, mas a mesma é uma área de mata (uma das poucas que restam) que terá de ser destruída para que isso aconteça em nome de um suposto “progresso”. Assim como os diversos “impasses” entre a visão de progresso de nossa civilização, que não se harmoniza em nada com o Sistema-Terra e a Natureza.
Por isso, repito: podemos até conseguir evoluir, mas tanto na relação intra-espécie como na relação inter-espécies, precisaremos primeiro, “aprender a desaprender”.

(Dedico este texto a duas pessoas:
À minha amiga Aline Ketlyn que a partir da leitura que fiz de um capítulo de seu TCC, sem saber acabou me inspirando a voltar a escrever no Blog  ao mesmo tempo em que me inspirou em escrever um texto trabalhando este tema.
E ao amigo, eternamente presente a partir da continuidade de suas ideias e lutas por uma sociedade Ecossocialista, Paulo Piramba que nos deixou em 2011)