sexta-feira, 29 de novembro de 2013

NOTA PUBLICA DE REPÚDIO: CHEGA DE MORTES: DEMARCAÇÃO DE TERRAS JÁ!

CHEGA DE MORTES: DEMARCAÇÃO DE TERRAS JÁ!

BERNARDINO, PRESENTE!
SOMOS TODOS GUARANI!

Mesmo que a história oficial omita que o processo de colonização do oeste do Paraná deu-se a partir do derramamento de sangue indígena, este fato concreto ocorreu desde o momento das reduções jesuíticas, e se intensificou nas fases posteriores.

Para além da história que não nos é contada, somente nos últimos dez anos ocorreram 560 assassinatos e 206 casos de suicídio de indígenas no Brasil (dados do Conselho Indigenista Missionário– CIMI). Apesar dos índices serem alarmantes, estes dados refletem apenas parte da triste realidade vivenciada cotidianamente pelos povos indígenas na sua luta pelas condições de sobrevivência.
CHEGA DE MORTES!


Atualmente, a maior reivindicação nacional dos povos indígenas é a demarcação das terras tradicionais, sendo que para eles o território assume uma conotação cosmológica, que garante tanto a reprodução material, bem como a simbólica. Ou seja, não existe cultura e vida indígena sem a garantia da territorialidade.

Porém, isso tem sido dificultado principalmente pelo projeto agroexportador, que incentiva a produção desenfreada em busca de lucro, tratando a terra como um mero negócio, sem se preocupar com a natureza e com os povos que dependem dela para coexistir.

Para piorar, o Governo Federal, representado pela Ministra Gleisi Hoffmann (PT), suspendeu o processo de demarcação de terras e desenvolve uma política de enfraquecimento da FUNAI, além de buscar fortalecer as posições de órgãos claramente comprometidos com o agronegócio e os ruralistas.

Dado esse impasse, na região oeste do Paraná tem sido realizada uma campanha de disseminação de ódio e mobilização contrária aos povos indígenas, incentivada pelos defensores das oligarquias locais e as organizações ruralistas. Inclusive boa parte dos deputados da região já se colocaram contrários à demarcação de terras.

Como resultado desses conflitos e a perda de territórios, a taxa de suicídio entre os guaranis é 34 vezes maior que a média nacional. E na região oeste do Paraná isso é acompanhado pelos casos de suicídio ocorridos em Guaíra. O que mais assusta é que, durante uma campanha de conscientização sobre as causas indígenas que realizamos neste ano, deparamo-nos até com crianças nas escolas falando que “índio bom é índio morto”.

E, na semana passada, o guarani Bernardino Dávalo Goularte foi assassinado. Na volta de um jogo de futebol que ocorria em outra aldeia, um carro prata com três pessoas dentro passou disparando várias vezes, atingindo Bernardino com três tiros, além de uma das crianças que o acompanhava ter sido atingida de raspão na cabeça, no braço e na perna. Esse fato ocorreu no centro da cidade. Em visita às aldeias Tekohá Y’Hovy e Tekohá Mirim, as lideranças nos informaram que várias ameaças já ocorreram desde o início do ano como forma de intimidar os indígenas.

No entanto, a mídia local fez pouco caso da situação e a trata como se fosse resultado de uma briga de bar. Para nós, esse não é um caso isolado e merece uma profunda investigação. Não podemos descartar a possibilidade de ter ocorrido em função do conflito anunciado na região.

Diante desta atrocidade cometida contra a vida Guarani, vimos manifestar nosso repúdio e prestar nossa solidariedade. Os povos Guarani, que sempre estiveram presentes na região do Guairá (margens do Rio Paraná), resistindo às atrocidades cometidas pelo “homem civilizado”, mantém firmes a sua luta. E nós pretendemos fortalecer esse movimento.

Solicitamos publicamente uma rápida investigação para encontrar os assassinos e os possíveis mandantes do crime e a subseqüente punição.

Para resolução do conflito, é necessária a retomada dos estudos para a demarcação. É preciso defender a vida acima do lucro!

GLEISI HOFFMANN, NÃO SE PERMITA SUJAR AS MÃOS COM O SANGUE DOS INOCENTES QUE BUSCAM VIVER EM HARMONIA COM A NATUREZA!

SOMOS TODOS GUARANI!
BERNARDINO, PRESENTE!

BASTA ÀS MORTES DE INDÍGENAS:
PELA DEMARCAÇÃO DAS TERRAS TRADICIONAIS!

27 de novembro de 2013

MOVIMENTO EM DEFESA DOS POVOS INDÍGENAS - OESTE PR

Organizações que se solidarizam:

1. APP de Luta e Pela Base – Oposição Alternativa
2. APP Sindicato – Núcleo Sindical de Foz do Iguaçu
3. Assembleia Nacional de Estudantes – Livre ANEL
4. Associação dos Estudantes de São Pedro do Iguaçu – AESPI
5. Associação dos Geógrafos Brasileiros AGB - Seção Local de Marechal Cândido Rondon
6. Casa da América Latina – Foz do Iguaçu
7. Central Sindical e Popular CSP – Conlutas
8. Centro Acadêmico de Biologia – Universidade Federal do Paraná/Palotina
9. Centro Acadêmico de Ciências Sociais – Toledo
10. Centro Acadêmico de Geografia – Marechal Cândido Rondon
11. Centro Acadêmico de Geografia - Universidade Estadual de Londrina
12. Centro Acadêmico de História – Marechal Cândido Rondon
13. Centro Acadêmico de Serviço Social – Toledo
14. Centro de Direitos Humanos CDH - Foz do Iguaçu
15. Coletivo Movimente-se UEM – Universidade Estadual de Maringá
16. Coletivo Resistência Socialista – CRS Toledo
17. Diretório Central dos Estudantes da Unioeste – Foz do Iguaçu
18. Diretório Central dos Estudantes da Unioeste – Marechal Cândido Rondon
19. Diretório Central dos Estudantes da Unioeste – Toledo
20. Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Londrina
21. Geografia das Lutas no Campo e na Cidade GEOLUTAS – Marechal Candido Rondon
22. Grupo de Estudos em Bioética GEB - UFPR Palotina
23. Grupo de Estudos Marxianos Latino-Americano - Toledo
24. Grupo Tortura Nunca Mais – Foz do Iguaçu
25. INTERSINDICAL 
26. Levante Popular da Juventude
27. Movimento Fronteira Zero – Foz do Iguaçu
28. Movimento Juventude Consciente – Toledo
29. Movimento Mulheres em Luta – MML
30. Movimento Universidade Popular – Foz do Iguaçu
31. Núcleo de Estudos sobre a Via Campesina e a Agroecologia NUEVA – Universidade da Integração Latino-Americana UNILA
32. Partido Comunista Brasileiro – PCB
33. Partido Socialismo e Liberdade – PSOL
34. Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado – PSTU
35. Pastoral Operária Nacional
36. Rede Megafone
37. Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná SINDJOR - Subseção Foz do Iguaçu e Região
38. União da Juventude Comunista - UJC

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Mais um capítulo em uma História de Extermínio!

 Nem toda Cachoeira é bela!
Nem toda água é límpida!
As vezes, ela é VERMELHA...de sangue.

Vivemos uma fase de extermínio. Não! Vivemos a continuidade do extermínio constante.
Uma continuidade do extermínio, que tem inicio com a expansão marítimo-comercial dos países europeus para o resto do mundo. Um extermínio que derrama e mancha de sangue o velho continente, os novos continentes e o continente mãe: ÁFRICA, nosso berço comum.
Um extermínio de povos, de nações, de indivíduos, que ao longo da história se somam, como uma enorme cascata vermelha, de números vermelhos. Vermelhos de sangue, do sangue derramado em cada quinhão do solo deste planeta ao qual demos o nome de Terra!
Cada um destes números (vermelhos) se sobrepõe a outro, um após o outro, em uma progressão aritmética que parece ser infinita! Progressão esta, que se multiplicada pelas lágrimas derramadas por cad'alma, que cada um destes números vermelhos da cascata vermelha representa, teremos então uma progressão geométrica incalculável.
Afinal, são pelo menos 500 anos de lágrimas derramadas por Pais, Mães, Irmãos, Irmãs, Filhos, Filhas, Esposos, Esposas, Amigos, Amigas... Quem pode calcular cada uma destas lágrimas?!
Quem tem o poder de quantificar o “quantum” desta água salgada, que em cada coração teve um gosto amargo? Estimando assim, talvez, o total, o tamanho do LUTO gerado por este extermínio constante.
Deus? O MESMO DEUS QUE MUITAS VEZES É USADO COMO ARGUMENTO PELOS QUE MATAM?!
A Ciência? A MESMA CIÊNCIA DOS SENHORES DO PROGRESSO/REGRESSO, QUE COORDENAM, ORGANIZAM E SE BENEFICIAM DO EXTERMÍNIO?!
Não! NÃO HÁ, QUEM TENHA TAL CAPACIDADE!
No momento presente, vivenciamos no Brasil mais um capítulo desta história de luto! 
E por ironia da história, o país é governado hoje por pessoas que há algumas décadas se encontravam no outro lado da trincheira. Quem é pior: o inimigo do outro lado da trincheira ou o antigo amigo que trai seu colega de batalha e passa para o outro lado?
Apesar do capítulo ser novo, o alvo da vez é antigo: novamente as nações indígenas.
O argumento agora não é mais a Religião, e seu simbolo não é mais a Cruz. Ele é chamado de “Progresso”, “Desenvolvimento”, Expansão Econômica” e seu símbolo é o dinheiro. Mas, o motivo por trás do argumento continua sendo o mesmo. Ele se chama: COBIÇA, AVAREZA, EGOÍSMO, GANÂNCIA, INDIVIDUALISMO...
A morte do indígena Bernardino ocorrida há poucos dias no município de Guaíra na região Oeste do Paraná, juntamente com diversas outras mortes Brasil a fora (de indígenas ou não), se somam a progressão aritmética da cascata de mortes. As lágrimas derramadas por cada uma destas mortes, se somam ao “quantum” de lágrimas derramadas ao longo da história. Ao longo de uma História de extermínio que já dura séculos!

Mas, nem esta e nem as demais mortes serão quantificadas pelo Capital ou por aqueles que o controlam. Da mesma forma, as lágrimas derramadas também não serão quantificadas.
Para o Capital e os capitalistas não importam as pessoas e suas lágrimas! Os capitalistas não quantificam sentimentos, eles quantificam coisas, renda. E quem não tem a necessária renda “per capita”, eles decapitam sem dó nem piedade, caso se coloque entre eles (capitalistas) e as coisas que eles querem quantificar!
Mas, nas palavras de Arnaldo Antunes:

As coisas têm peso,
massa,
volume,
tamanho,
tempo,
forma,
cor,
posição,
textura,
duração,
densidade,
cheiro,
valor,
consistência,
profundidade,
contorno,
temperatura,
função,
aparência,
preço,
destino,
idade,
sentido.
As coisas não tem paz.
(Arnaldo Antunes)
Representante dos Capitalistas/Ruralistas Brasileiros


Logo, se buscamos Paz, não é nas coisas que a encontraremos! E o ruído ensurdecedor desta cachoeira vermelha, de números vermelhos, cada um deles uma morte, cada um deles muitas lágrimas, lembra aos que lutam, aos que podem vir a ser o próximo número a se somar a cachoeira, a necessidade da busca desta Paz.
Mas, só existe um meio de conseguir a Paz: eliminar o motivo da Guerra!
E o motivo desta guerra (que já dura séculos) é o fato das coisas terem mais valor do que as pessoas. Logo, o único meio de conseguir a Paz é eliminar a razão disto acontecer: e ela se chama CAPITALISMO.
O Capitalismo deve ser destruído, para só então termos a oportunidade de construirmos uma sociedade Humana no sentido mais pleno do termo, e onde as coisas sejam apenas coisas e não Razão de Existência.
E para todos os que não fazem “ouvidos moucos” ao som desta Cachoeira Vermelha de sangue: ESTE É NOSSO DEVER E NOSSA MISSÃO!
Assim, termino este breve desabafo e ao mesmo tempo uma reflexão, e como a lista de mártires na luta é interminável, sendo que muitos inclusive nem conhecidos são, não menciono nomes, apenas digo como saudação final:
_ MÁRTIRES DA LUTA SOCIAL!
_ PRESENTES!

Curitiba (do Guarani: Muito Pinhão ou Terra de Muitos Pinheiros) Paraná (do Tupi: Semelhante ao Mar)

20 horas 02 minutos – 28/11/2013

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ódio e Preconceito fazem mais uma vítima! Bernardino presente!

Eu estava curtindo meu domingo visitando parentes quando recebi a mensagem de um amigo (Prof. Jaime Farherr militante do PSTU) que me informava que na noite anterior, um indígena havia sido assassinado em Guaíra e uma criança havia sido baleada. A noticia me pegou de surpresa, e meu amigo não tinha mais informações do que aquelas parcas e muitas vezes distorcidas informações repassadas pela imprensa local. Depois de algumas trocas de mensagens, decidimos ele, eu e minha namorada (Prof. Teresa Masuzaki) irmos até Guaíra no mesmo dia para obtermos informações mais detalhadas e de fontes mais confiáveis.
Assim que cheguei em casa combinamos o horário para nos dirigirmos a Guaíra, não haviamos até aquele momento conversado com ninguém do Movimento Indígena, por isso tentamos entrar em contato com o Cacique Ilson Soares da Tekohá Y'ouvy. Após algumas tentativas conseguimos entrar em contato, e então informar que estávamos a caminho para fazer uma visita e obter informações.
Fomos em três no carro, Jaime Farherr, Teresa Masuzaki e eu, o clima era de indignação, conversávamos sobre o fato de fazendeiros no Mato Grosso do Sul estarem fazendo leilões para se armarem, criando uma milicia e ao que parecia o governo não estava fazendo nada contra. Minha namorada, Teresa, dormia no banco de trás, cansada da correria do dia e ciente de que ainda teríamos muito a fazer naquele dia, sendo que ela ainda precisaria preparar suas aulas para o dia seguinte.
Ao chegarmos em Guaíra fomos a Tekohá Y'ouvy, onde fomos calorosamente recebidos pelo Cacique Ilson Soares e sua companheira Vicenta.
Crianças na Tekoha Y'ouvy
Após uma breve conversa questionei o cacique e sua esposa se por acaso eles não teriam a disponibilidade de ir conosco à Tekohá Mirim, aldeia onde o indígena assassinado residia. De imediato o cacique se dispôs a ir conosco, sua companheira mostrou apreensão ao dizer que se preocupava com o fato do Ilson sair da aldeia devido as ameaças e ao evento recente, mas mesmo assim ambos foram conosco até a Tekoha Mirim.
No caminho para a Tekohá Mirim, ao passarmos no local do assassinato, Ilson nos informa dentro do carro
_ Foi aqui que aconteceu.
Eu fico surpreso, pois o local é uma avenida, local extremamente iluminado, onde seria perceptível a qualquer um perceber o que acontecia e ver o carro e provavelmente também os seus passageiros. Penso comigo: “Ao que parece a repressão violenta começa a se tornar cada vez mais legitimada a partir do discurso de fomentação do ódio apresentado nos últimos meses. Isso pode se tornar perigoso.”
A aldeia Tekohá Mirim, fica do outro lado da cidade em relação a Aldeia Tekohá Y'ouvy, um local insalubre, próximo a margem brasileira do rio Paraná. Se de maneira geral as Tekohás se encontram em condições precárias a Tekohá Mirim é uma das mais precarizadas, esta é a segunda visita que fiz a mesma. Segundo informações de Arnaldo, cacique da Tekohá Mirim vivem na aldeia pouco mais de 90 indígenas entre homens, mulheres e crianças. Chegamos na aldeia por volta das 21 horas, a primeira coisa que me chama a atenção é o céu estrelado. Um indígena comenta:
_ Escuro aqui, né?
Eu respondo: _ Pelo menos conseguimos ver as estrelas, algo que nas cidades não conseguimos mais.
Logo que chegamos, um grupo de indígenas monta em uma carroça puxada a cavalo e vai embora, provavelmente para suas casas. Nós ficamos ali, na casa do cacique Arnaldo. Ele traz algumas cadeiras para nos sentarmos enquanto sua esposa esta acendendo a fogueira, com a intenção de iluminar o local da conversa (uma vez que já estava anoitecendo) e com a fumaça espantar os mosquitos e borrachudos.
Devido a precariedade das instalações da aldeia: ausência de energia elétrica e sem água tratada para todos a conversa ocorre sob a luz da fogueira, de celulares e de um farolete. Tento anotar algumas coisas, até mudo de lugar para tentar fazer com que a fogueira ilumine minha agenda, mas é impossível. Lembro então que o celular tem a função gravador, então configuro o mesmo e o coloco no centro da roda de forma a gravar a conversa. Na roda percebo os rostos sérios e ao mesmo tempo o olhar apreensivo dos Caciques Ilson e Arnaldo, também estão na roda o Prof. Jaime Farherr, minha namorada Teresa Masuzaki, as esposas dos caciques Vicenta (esposa de Ilson) e Simone (esposa de Arnaldo) e Alexandre, um indígena morador da aldeia onde estávamos. Inicio a conversa informando o motivo de estarmos na aldeia: conseguir informações sobre o assassinato do indígena Bernardino. 
Os dois caciques informam que não é de hoje que eles recebem ameaças, que constantemente os indígenas estão sendo ameaçados na região, e que pessoas chegam a vir na aldeia apenas com o intuito de ameaçá-los.
Mencionam a morte de uma senhora indígena no inicio de 2013, em frente a rodoviária de Guaíra, onde uma camionete da cor branca atropelou a senhora e se evadiu do local. O fato foi apresentado como tendo sido um acidente, mas tudo indica que o atropelamento foi proposital. Questiono sobre o ocorrido com Bernardino, se eles poderiam nos dizer o que aconteceu. Com a resposta deles percebo que a situação é pior do que parece, e que novamente a imprensa local presta um desserviço a população ao noticiar o fato de maneira equivocada, deturpada e por que não, mentirosa.
Clique aqui, aqui, e aqui e veja o discurso repetitivo da imprensa local sobre o fato.
Segundo os caciques Ilson e Arnaldo, diferentemente do noticiado pela imprensa, o fato ocorreu da seguinte maneira:
No sábado o indígena Bernardino e mais alguns se dirigiram a aldeia Tekohá Porã para um jogo de futebol. Segundo as informações que nos foram repassadas, já durante o dia um homem teria proferido ameaças e mostrado uma arma no local do jogo, dizendo: “Pelo menos um índio vai morrer hoje!” 
Bernardino, agora sem vida. Sua luta acabou, 
mas a de seu povo apenas começou!
Fotografia: Ilson Soares (Gentileza)
Após o termino do jogo, o indígena Bernardino e mais 5 menores voltavam para a aldeia Tekohá Mirim, quando um carro prata com três pessoas dentro teria passado por eles e disparado os tiros, naquele momento eles se encontravam em frente a Tekoha Karumbey. Neste lamentável episódio, o indígena Bernardino Dávila veio a óbito e uma criança indígena de 11 anos foi atingida. Existem indícios de que a ideia dos atiradores era eliminar os 6 indígenas ali presentes, ou seja, o objetivo era uma chacina.
Desta forma, o relato que nos foi passado, destoa, e muito, do que vem sendo publicado na imprensa regional sobre o fato. A imprensa local tenta passar a imagem de que foi uma briga de bar, e que a criança que foi baleada é um outro caso independente, quando na verdade o que ocorreu parece ter sido bem diferente.

ONDE ESTA A SUPOSTA INDEPENDÊNCIA E NEUTRALIDADE DA IMPRENSA NA REGIÃO OESTE DO PARANÁ?
Deve estar no bolso de quem à paga!



Este fato, somado as denuncias de ameaças, ao atropelamento da senhora indígena no inicio do ano, ao movimento de armamento dos ruralistas, a constante pressão contra a FUNAI e a população indígena local, ao descaso com que o poder publico vem tratando da situação, ao preconceito que aumenta cada vez mais o índice de suicídios entre os indígenas, só vem agravar ainda mais a complexa situação em que se encontra a região Oeste do PR.
Caixão de Bernardino
Fotografia: Ilson Soares (Gentileza)
Este assassinato, ao que parece uma provável tentativa de chacina, pode acabar sendo a porta aberta para a legitimação de ações violentas por parte dos grupos políticos e econômicos que se posicionam contra a demarcação das reservas indígenas. Os mesmos grupos que financiaram e vem financiando uma campanha de difamação contra a FUNAI e contra os índios, que vem enganando a população com dados falsos sobre o processo de demarcação e vem tentando colocar oprimido contra oprimido de forma a legitimar seu poder e suas atitudes violentas.
Estes olhos não veem mais, esta boca não fala mais!
Mas, no seu silêncio grita por justiça!
Fotografia: Ilson Soares (Gentileza)
É necessário que o poder público tome providências imediatas quanto a estas questões, é necessário que os meios de imprensa que sejam pegos noticiando mentiras sobre o fato sejam multados e acionados judicialmente além de serem denunciados como imprensa mentirosa para a população.
É necessário que as entidades dos movimentos sociais, principalmente da região se unam em torno da causa indígena.
Estes pés não irão mais pisar o solo da Tekoha,
mas sua ausência sinaliza a necessidade da luta!
Fotografia: Ilson Soares (Gentileza)
Quanto tempo mais teremos de esperar? Quantas vidas mais deverão ser ceifadas pela ganância, pelo ódio e pelo preconceito?
Termino este texto que já ficou longo, com um nó na garganta e com um grito:
INDÍGENA BERNARDINO!

_ PRESENTE!