sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Descoberto novo Exoplaneta há 200 anos luz: Kepler 16b

Segue abaixo o relatório completo sobre a reunião de divulgação da descoberta de um exoplaneta à 200 anos luz de nosso Sol. Em termos astronômicos esse planeta estaria na quadra ao lado, no mesmo bairro! ;)
O relatório eu recebi através de uma lista de e-mail sobre debates astronômicos, de um integrante da lista que trabalha na NASA.

"Relatório sobre a descoberta do Kepler
 
A conferência sobre a nova decoberta feita pelo telescópio espacial Kepler acabou agora há pouco aqui no Syvertson auditorium, NASA Ames Research Center, CA, EUA. O evento foi transmitido ao vivo para várias emissoras de televisão e a excelente animação apresentada pela NASA pode ser encontrada no link abaixo:


O novo exoplaneta, chamado de Kepler-16b, orbita uma estrela binária há 200 anos-luz do sistema solar, entre as constelações do Cisne e da Lira. Trata-se do primeiro exoplaneta orbitando uma estrela binária já detectado. Exoplaneta é o nome dado aos planetas que orbitam outras estrelas que não o Sol. Até o momento, 684 exoplanetas já foram detectados (http://exoplanet.eu/catalog.php) e em abril de 2011 os cientistas apresentaram uma lista com 1.235 candidatos a exoplanetas detectados pelo Kepler (http://archive.stsci.edu/kepler/planet_candidates.html). Estrelas binárias constituem um sistema com duas estrelas que orbitam um centro de gravidade comum.

A descoberta
A descoberta foi feita pelo método de trânsito planetário, que consiste na medição da diminuição do brilho da estrela com a passagem de um planeta em frente ao disco estelar, semelhante ao eclipse solar e trânsitos de Mercúrio e de Vênus. Como são duas estrelas de tamanhos diferentes, os astrônomos rastrearam 3 tipos de eclipses: (i) eclipse primário, onde foi observada uma grande diminuição do brilho da estrela principal, (ii) eclipse secundário, onde foi observada uma pequena diferença no briho da estrela principal e, (iii) eclipse terciário, com uma diferença intermediária no brilho da estrela principal. Os padrões dos eclipses se repetiram por tempo suficiente para levar à seguinte explicação: o eclipse primário ocorre através do alinhamento dos 3 componentes (2 estrelas mais o exoplaneta), ao passo que o eclipse secundário ocorre através do alinhamento entre a estrela principal e o exoplaneta, e o eclipse terciário ocorre através do alinhamento entre a estrela principal e a estrela menor. De acordo com os cientistas, o fenômeno era previsto pelas teorias de formação planetária e observações feitas pelo telescópio espacial Spitzer em 2006 confirmaram a plausibilidade do fenômeno (http://www.nasa.gov/mission_pages/spitzer/news/spitzer-20070329.html). Mas nunca ninguém tinha observado um planeta orbitando duas estrelas até agora. O Kepler-16b descreve uma órbita além das duas estrelas com um período orbital de 229 dias.

Kepler-16b
O novo exoplaneta é um planeta gasoso e possui a massa aproximada do planeta Saturno, com temperatura entre 150-170 K. As estrelas as quais ele orbita são menores e mais frias que o Sol, com uma diferença de 700 graus no caso da estrela maior, que é alaranjada, e 1.000 a 2.000 graus no caso da estrela menor, que é uma anã-vermelha e é a menor estrela já detectada até agora e demonstra a alta qualidade dos dados analisados. Isso faz com que embora o planeta esteja a uma distância equivalente à distância Sol-Vênus, a quantidade de iluminação recebida é equivalente ao que chega na superfície marciana. Portanto este planeta está um pouco além da zona habitável deste planeta. Zona habitável é uma faixa de distância à estrela onde pode ser encontrada água líquida. Porém, como se trata de um sistema binário, a zona habitável é dinâmica, ou seja, oscila com o movimento das estrelas. Este também é um conceito novo que se tornará bastante comum, já que muitas estrelas da Via Láctea constituem sistemas binários que podem conter planetas rochosos como a Terra. Como o sistema planetário ao qual pertence o Kepler-16b é 2 bilhões de anos mais jovem do que a Terra, é possível que haja condições para surgimento de formas de vida por lá.
 
Nome do exoplaneta
O nome do planeta segue regras de nomenclatura astronômica e não deve ser mudado a menos que haja um forte apelo popular e da imprensa.

Astrônomos amadores
Com bons equipamentos, os astrônomos amadores do hemisfério Norte, na região da China poderão observar o trânsito planetário do Kepler-16b no ano que vem. Atualmente, alguns astrônomos amadores possuem instrumental suficiente para fazer descobertas de exoplanetas e frequentemente trabalham em parceria com os astrônomos profissionais, contribuindo significativamente para a descoberta de supenovas e cometas.
 
Transformando ficção científica em fatos científicos
Os astrônomos disseram que o panorama neste planeta deve se parecer muito com o que foi mostrado no episódio 4 da série “Star Wars”, de George Lucas. Uma das cenas do filme mostra o jovem Luke Skywalker observando o crepúsculo com dois sóis no planeta Tataouine, num cenário muito semelhante ao que se imagina para o exoplaneta Kepler-16b. Como não poderia deixar de ser, a conferência foi finalizada com o famoso lema da série Star Wars: “Que a força esteja com vocês.”
 
Maiores informações sobre a missão Kepler podem ser encontradas no link abaixo:
 
Abraços!
 
Ivan
 
-------------------------------------------------------------------------Dr. Ivan Gláucio PAULINO-LIMA
Curriculum Vitae
http://lattes.cnpq.br/8016616722755011

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