Hoje parei para
pensar sobre o que escrever sobre o final de ano para meus amigos, conhecidos e
as pessoas que me seguem nas redes sociais. Fiquei na dúvida entre a escrita de
uma mensagem utilizando belas palavras, afirmando que o ano que entra será
melhor ou algo mais “pé no chão”, como se costuma dizer. Optei pela segunda,
pois não me sentiria bem escrevendo sobre algo que eu não acredito.
Encerra-se
2018, o ano que parecia não acabar, tão tenso e intenso foi este ano que trouxe
a impressão de trazer três anos embutidos em um só. Mas, encerrou-se, tenham
sido três, tenha sido um, encerrou-se. E, com ele, aparentemente, encerra-se um
ciclo.
Todos esperam
que 2019 seja melhor que 2018, assim como esperávamos que 2018 fosse melhor que
2017. O problema é esse: esperamos, apenas esperamos. E na espera da esperança,
por vezes acabamos por nos iludir. Palavras ditas ao vento, afirmações que
chocam e, ao mesmo tempo, refletem um sentimento de indignação que todos
sentem, menos àquele que faz uso das palavras. Este não. Ele não é um
indignado, é um calculista. Calcula o que dizer e o diz, na espera de que o
dito reverbere no sentimento do povo, “pescando”, assim, apoio popular para
seus projetos individuais.
Isso foi o que
vimos ocorrer este ano. Em 2019, muitos que hoje sorriem, irão lamentar (infelizmente),
pois os salvadores irão começar a mostrar à que vieram, e eles não vieram para
fazer aquilo que o povo espera deles. Infelizmente, muitos irão abanar a cabeça
discordando destas palavras e só lembrarão delas no momento em que os fatos
começarem a se concretizar.
Em 2019, os que
lutaram em 2018 terão que lutar ainda mais, com força redobrada e ânimo
reforçado. E no processo da luta, terão que saber abrir os braços para àqueles
que, até então, apoiavam o outro lado por esperança de que este fosse o melhor.
Nesta hora, apontar o dedo e afirmar “isso é culpa sua” pode trazer a sensação
de desabafo, mas não contribuirá em nada com a luta que temos que encampar.
Em 2019, a
solidariedade se tornará mais necessária ainda. Solidariedade para entender o
outro e para apoiar o outro. Temos muito chão pela frente e, em vários
momentos, alguns irão cansar e precisar do ombro alheio para continuar a luta.
E, cada um, precisará saber oferecer o ombro, lembrando que, talvez amanhã,
seja ele a precisar. Quem sabe a experiência nos ensine, desta forma, a sermos
mais solidários.
Direitos
trabalhistas, previdenciários, direitos sociais em geral, educação pública,
saúde pública, liberdade de ensino, ciência, meio ambiente e, até mesmo,
segurança, estão na fila para serem atacados, mais ainda do que em 2018. É
nosso dever lutar para que isso não ocorra ou, se ocorrer, lutar em sua defesa.
Pois são nossos direitos e, portanto, somente nós podemos lutar por eles.
Falando em
lutar por direitos, para quem é ativista (ambiental, por direitos sociais,
direitos humanos...) temos pela frente um ano desafiador. Pois nosso ativismo
se tornará ainda mais necessário, exatamente no momento em que à mesa da presidência
da República estará sentado alguém que afirmou, com todas as letras, que “é
preciso acabar com todo este ativismo”.
Enfim, 2019 (e
provavelmente os demais) será e serão anos desafiadores. Anos de luta, de fortalecimento
e construção coletiva. Como falei no início, gostaria de poder escrever algo
singelo e de elevação do espírito, mas a realidade não me permite. Não será
fácil, mas é possível vencer e superar, e vamos fazê-lo! Enfim, para encerrar,
que a Esperança não morra, pois é ela que nos move. Ela, a pequena Esperança,
última a sair da caixa de Pandora. Que o desejo da Utopia não desapareça, pois
ele nos impele ao movimento e à luta por uma sociedade melhor, se não para nós,
pelo menos para àqueles que vierem depois de nós. Nas belas palavras de
Galeano:
“A utopia está
lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho
dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais
alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de
caminhar”.
Então, não
deixemos de caminhar, mesmo que o caminho tenha pedras e espinhos, mas, sempre,
encontraremos uma ou duas flores pelo caminho. E elas já valem a caminhada!
São meus votos
para 2019!
De luta e
ânimo, e, também, felicidade, mas uma felicidade consciente e não embriagada.
Uma felicidade que não impeça de se ver a realidade como ela é, para que
possamos muda-la para melhor e construir um mundo como o descrito na Utopia de
Eduardo Galeano:
Ass.
Luciano Egidio
Palagano
Estudante,
trabalhador, ativista e militante!
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