Nem toda Cachoeira é bela!
Nem toda água é límpida!
As vezes, ela é VERMELHA...de sangue.
Vivemos uma fase de extermínio. Não! Vivemos a continuidade do
extermínio constante.
Uma continuidade do extermínio, que tem inicio com a expansão
marítimo-comercial dos países europeus para o resto do mundo. Um
extermínio que derrama e mancha de sangue o velho continente, os
novos continentes e o continente mãe: ÁFRICA, nosso berço comum.
Um extermínio de povos, de nações, de indivíduos, que ao longo da
história se somam, como uma enorme cascata vermelha, de números
vermelhos. Vermelhos de sangue, do sangue derramado em cada quinhão
do solo deste planeta ao qual demos o nome de Terra!
Cada um destes números (vermelhos) se sobrepõe a outro, um após o
outro, em uma progressão aritmética que parece ser infinita!
Progressão esta, que se multiplicada pelas lágrimas derramadas por
cad'alma, que cada um destes números vermelhos da cascata vermelha
representa, teremos então uma progressão geométrica incalculável.
Afinal, são pelo menos 500 anos de lágrimas derramadas por Pais,
Mães, Irmãos, Irmãs, Filhos, Filhas, Esposos, Esposas, Amigos,
Amigas... Quem pode calcular cada uma destas lágrimas?!
Quem tem o poder de quantificar o “quantum” desta água
salgada, que em cada coração teve um gosto amargo? Estimando assim,
talvez, o total, o tamanho do LUTO gerado por este extermínio
constante.
Deus? O MESMO DEUS QUE MUITAS VEZES É USADO COMO ARGUMENTO PELOS QUE
MATAM?!
A Ciência? A MESMA CIÊNCIA DOS SENHORES DO PROGRESSO/REGRESSO, QUE
COORDENAM, ORGANIZAM E SE BENEFICIAM DO EXTERMÍNIO?!
Não! NÃO HÁ, QUEM TENHA TAL CAPACIDADE!
No momento presente, vivenciamos no Brasil mais um capítulo desta
história de luto!
E por ironia da história, o país é governado
hoje por pessoas que há algumas décadas se encontravam no outro
lado da trincheira. Quem é pior: o inimigo do outro lado da
trincheira ou o antigo amigo que trai seu colega de batalha e passa
para o outro lado?
Apesar do capítulo ser novo, o alvo da vez é antigo: novamente as
nações indígenas.
O argumento agora não é mais a Religião, e seu simbolo não é
mais a Cruz. Ele é chamado de “Progresso”, “Desenvolvimento”,
Expansão Econômica” e seu símbolo é o dinheiro. Mas, o motivo
por trás do argumento continua sendo o mesmo. Ele se chama: COBIÇA,
AVAREZA, EGOÍSMO, GANÂNCIA, INDIVIDUALISMO...
A morte do indígena Bernardino ocorrida há poucos dias no município
de Guaíra na região Oeste do Paraná, juntamente com diversas
outras mortes Brasil a fora (de indígenas ou não), se somam a
progressão aritmética da cascata de mortes. As lágrimas derramadas
por cada uma destas mortes, se somam ao “quantum” de
lágrimas derramadas ao longo da história. Ao longo de uma História
de extermínio que já dura séculos!
Mas, nem esta e nem as demais mortes serão quantificadas pelo
Capital ou por aqueles que o controlam. Da mesma forma, as lágrimas
derramadas também não serão quantificadas.
Para o Capital e os capitalistas não importam as pessoas e suas
lágrimas! Os capitalistas não quantificam sentimentos, eles
quantificam coisas, renda. E quem não tem a necessária renda “per
capita”, eles decapitam sem dó nem piedade, caso se coloque
entre eles (capitalistas) e as coisas que eles querem quantificar!
Mas, nas palavras de Arnaldo Antunes:
As coisas
têm peso,
massa,
volume,
tamanho,
tempo,
forma,
cor,
posição,
textura,
duração,
densidade,
cheiro,
valor,
consistência,
profundidade,
contorno,
temperatura,
função,
aparência,
preço,
destino,
idade,
sentido.
As coisas
não tem paz.
(Arnaldo
Antunes)
Representante dos Capitalistas/Ruralistas Brasileiros |
Logo, se buscamos Paz, não é nas coisas que a encontraremos! E o
ruído ensurdecedor desta cachoeira vermelha, de números vermelhos,
cada um deles uma morte, cada um deles muitas lágrimas, lembra aos
que lutam, aos que podem vir a ser o próximo número a se somar a
cachoeira, a necessidade da busca desta Paz.
Mas, só existe um meio de conseguir a Paz: eliminar o motivo da
Guerra!
E o motivo desta guerra (que já dura séculos) é o fato das coisas
terem mais valor do que as pessoas. Logo, o único meio de conseguir
a Paz é eliminar a razão disto acontecer: e ela se chama
CAPITALISMO.
O Capitalismo deve ser destruído, para só então termos a
oportunidade de construirmos uma sociedade Humana no sentido mais
pleno do termo, e onde as coisas sejam apenas coisas e não Razão de
Existência.
E para todos os que não fazem “ouvidos moucos” ao som desta
Cachoeira Vermelha de sangue: ESTE É NOSSO DEVER E NOSSA MISSÃO!
Assim, termino este breve desabafo e ao mesmo tempo uma reflexão, e
como a lista de mártires na luta é interminável, sendo que muitos
inclusive nem conhecidos são, não menciono nomes, apenas digo como
saudação final:
_ MÁRTIRES DA LUTA SOCIAL!
_ PRESENTES!
Curitiba (do Guarani: Muito Pinhão ou Terra de Muitos Pinheiros) Paraná
(do Tupi: Semelhante ao Mar)
20 horas 02 minutos –
28/11/2013
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