quinta-feira, 26 de maio de 2011

O lucro sobre a vida: Deputados vaiam anúncio do assassinato de ambientalistas!

Depois ainda dizem por aí que não existe luta de classes! Deputados ruralistas e integrantes da Confederação Nacional da Agricultura vaiaram o anúncio da morte de 2 ambientalistas feita durante a votação nas alterações do Código Florestal. Sem nenhum senso de respeito pela vida humana, os mesmos explodiram em vaias quando o deputado encarregado do anúncio do assassinato subiu a tribuna para informar o plenário do acontecimento!

Vejam abaixo o texto com o relato do fato:

Vaias contra casal foram ‘grotescas’, diz deputado
Matheus Pichonelli
 
25 de maio de 2011 às 18:00h
 
 
No dia em que a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que anistia
desmatamentos promovidos pelo país, dois líderes ambientalistas foram
assassinados a tiros no Pará por denunciarem supostas violações à
floresta amazônica cometidas por grupos madeireiros.
 
A morte de José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, Maria do
Espírito Santo da Silva, após emboscada em uma área do Projeto de
Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira, no sudeste do Pará,
foi informada aos deputados, que debatiam o novo Código Florestal, por
volta das 16h da última terça-feira 24, horas depois do crime.
 
Coube ao deputado José Sarney Filho (PV-MA), coordenador da Frente
Parlamentar Ambientalista, ler em plenário um texto em solidariedade
aos militantes:
 
“Ainda não chegou o momento de entramos nesta discussão sobre o Código
Florestal que está sendo feita agora, nesta sessão. Infelizmente, eu
estou assumindo esta tribuna para falar sobre uma tragédia que
aconteceu…”
 
Sarney Filho esperava, conforme disse em entrevista a CartaCapital, um
“silêncio reverencioso” quando citou o nome das vítimas e declarações
feitas por elas contra o desmatamento.
 
O que se ouviu, no entanto, foram vaias dos colegas da bancada
ruralista e dos visitantes que se engalfinhavam na galeria da Câmara
para acompanhar a votação. “Senhor presidente (da Câmara, Marco Maia),
eu estou fazendo um discurso sério. Que história é essa, meus amigos?
Eu não estou ferindo o direito pessoal de nenhum de vocês”, disse
Zequinha Sarney, diante dos protestos feitos pelos “convidados” da
Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que, com café e petiscos,
atraía a claque para reforçar os gritos por mudanças no texto.
 
“Eles vaiaram um duplo assassinato. É uma coisa sem sentido, promovida
pelos interessados diretos no projeto, os beneficiados por essa
modificação. Foi algo grotesco”, disse Sarney Filho. “Foi algo
simbólico. Ficou claro que, durante a discussão do projeto, a vida
humana é o que menos importava. Imaginava que fizessem um silêncio
reverencioso, e que se lamentasse, em solidariedade, a morte dessas
pessoas que eram muito admiradas”.
 
O deputado, que no dia seguinte à votação escreveu em seu site que a
Câmara decidiu “espalhar ventos e vai colher tempestades” ao
incentivar desmatamento, disse que jamais havia testemunhado uma
pressão tão forte na Casa como a exercida pela claque ruralista.
“Vamos até analisar se houve alguma irregularidade ou excepcionalidade
nisso. Nunca tinha visto algo parecido em um dia de votação”.
 
Entre outros pontos defendidos pelos ruralistas – e pela claque
patrocinada por eles – a versão final do projeto, aprovado ao fim do
dia, retirou do governo federal a atribuição de regularizar o cultivo
em áreas de proteção permanente e anistiou desmatamentos cometidos até
2008.
 
Algo que o casal assassinado não chegou a ver – e lamentar.
 
 
 
Matheus Pichonelli
 
Fonte: Revista Carta Capital 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O seu comentário será moderado afim de verificar se não há ofensas de cunho pessoal, palavras de baixo calão, enfim qualquer comentário que possa servir de motivo para que este blog seja acionado judicialmente.
Apenas neste intuito! Críticas consistentes, e oríundas de diversidades de ideias, que possam dar possibilidade ao debate serão sempre bem vindas, e não serão moderadas. Mesmo que as críticas sejam ao autor! Apenas pedimos que para que os comentários não sejam retidos na moderação, eles não sejam feitos de maneira anônima!
Atenciosamente:
Luciano Egidio Palagano